dezembro 31, 2008

Rostov



Trazia altas expectativas, porque a única vez na minha vida que vi uma companhia nacional de bailado russo ao vivo (já lá vão uns 12 anos) foi o espectáculo mais lindo que vi... tornei-me snob e desmerecendo cada companhia de bailado.

É certo que por serem russos não têm que ser bons bailarinos, mas eu no meu íntimo assim o cria (e queria).

Foi uma desilusão... corpos de bailado dessincronizados, piruetas que se alastravam pelo palco todo, desequilíbrios, até falta de coordenação...

Salvou-se a dança russa, com o magnífico menear do russo que fazia de russo, e a fada e seu escort... o Quebra-nozes não ia mal de todo, mas não me tirou a respiração.

Da mesma companhia espera-se a 1 de Janeiro o Lago dos Cisnes, mas agora ponho as minhas dúvidas se valerá a pena.

A assinalar, como sempre, o péssimo público português, que não aplaude e não percebe nada do que vê e ouve. Voltei (eu, eterna tímida) a iniciar as salvas de palmas, constrangida com aqueles silêncios, e a revolver-me pelos "bravos" entoados a quem pior tinha actuado... há pessoas que não merecem ter acesso a cultura.

dezembro 25, 2008

Mirror mirror on the wall

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.

Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando "Não me olhem! Não me olhem!" só para chamar a atenção.

O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.

O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.

O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma platéia, o tímido não pensa nos membros da platéia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a platéia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.


Luís Fernando Veríssimo in "Comédias da Vida Pública"

dezembro 24, 2008

E neste maravilhoso espírito

Feliz Natal!

dezembro 23, 2008

Infira que lhe fica mais melhor bem

Recentemente escrevi aqui mesmo que me irrita que presumam demais. Mas as pessoas não se cansam de presumir... acham-se nesse direito inclusive.
Aborrece-me. Aliás, aborrece-me a ignorância, a estupidez, a fraca capacidade intelectual que leva às presunções.

Odeio presumir, preconceitualizar alguma coisa, e odeio-me (pouquinho, porque me tenho um amor imenso e devoto) quando o faço... sinto-me tudo isto: ignorante, estúpida e fraca intelectualmente. Inferir é diferente... dá-se espaço ao erro. Na presunção somos donos e senhores do destino e do sentido das palavras e actos do outro.

Quem és tu para presumir o que seja? Quem és tu para ler nas minhas palavras ou nos meus actos o que tu queres ouvir e ler e não o que elas/eles dizem, sem entrelinhas, sem espaço para interpretações?...

Sou totalitária (o que também é feio)... acho que determinadas pessoas e situações deveriam desaparecer da face da Terra, simplesmente porque me chateiam.

dezembro 19, 2008

Ano novo vida nova

De há uns tempos para cá resolvi para mim mesma que iria começar a ser mais transparente. Romper com o meu feitio reservado, através de algo tão simples quanto a sinceridade.
Custa-me confessar às pessoas que gosto delas... vivo no temor da rejeição, até da rejeiçãozinha (que é aquela que na verdade não o é, mas que se interpreta como tal...), e nisso moldo a minha maneira de ser e agir. E é uma estupidez!

Desde que na primária saí em defesa de dois amigos que eram bombardeados com o "namorados, primos e casados" dizendo que bem faziam eles, e o facto de isso ter levado à presunção de que eu era apaixonada pelo Francisco (e assim, o dizia com sofrimento e não como constatação de que era idiota estar a gozar alguém por gostar de outra pessoa) que tenho este horror a que presumam em mim sentimentos inexistentes. Não tenho que ter pudores em dizer a um amigo que gosto dele, que gosto dele de verdade, de coração, sem o saber explicar ou sem ter necessidade disso. Não tenho que temer que perante esta confissão ele pense que estou apaixonada por ele...

É ridículo, mas vivi toda a minha vida neste temor. No temor da sinceridade.
E depois, que achem que sou uma volúvel e estou apaixonada por todos aqueles a quem confesso as minhas simpatias... morro por isso?!... acho que não. Acho até que ao fim de algum tempo esse equívoco seria desfeito e as pessoas entenderiam apenas que eu gostava de coração desse amigo...
Vamos tentar. Vou tentar ser adulta e estar-me positivamente nas tintas para o que os outros pensam. Acho que deve ser ainda mais liberador do que imagino...

Família

Recebi uma mensagem no hi5. Por entre as mensagens a anunciar festas nesta e naquela discoteca, quase passava despercebida.

Era de uma prima minha. Prima direita, com a qual convivi, pouco, mas em criança... lembro-me dela até frequentemente tendo em conta que não convivemos muito. Partilhamos o mesmo nome, pouco mais.

Sempre me custou que a minha família não desse valor à família. Não a acarinhasse. O meu pai não era assim... adorava os almoços de família em grandes salões no meio de Alcácer ou da Ericeira, onde 80 e tal pessoas da mesma família se reuniam para se verem de tempos a tempos. Achava isso lindo... apesar da minha eterna e intransigente timidez, ia sempre a esses almoços.
Era o par do meu pai... lá íamos os dois, em passeios que incluíam sempre as minhas náuseas automobilisticas (pouco compatíveis com as curvas do caminho para a ericeira, por exemplo). E o meu pai, inchado de orgulho por conseguir arrastar alguém para aqueles encontros nunca soube que eu inchava de orgulho por acompanhá-lo...

dezembro 05, 2008

Para um dia...

Quero partilhar tudo isso contigo. Fico tão feliz contigo e por ti, por vocês que nem sei bem como o expressar...

Sei como é importante para ti, sei como te faz feliz. Fico feliz também por isso.

Vou ser tia, do coração...

dezembro 02, 2008

Só porque pediste

A pedido de muitas (uma) famílias (na verdade uma só pessoa), cá estou eu.
Ontem fui ver o ensaio sobre a cegueira. Fiel ao livro e (felizmente) completamente diferente da peça experimental que fui ver à trindade. Com deleite notei a ausência de preservativos púrpura do ABC do amor, as vozes guturais e a problemática do latão.

Continua a ser o meu livro favorito do Saramago, pelo tema... ontem notei que o vejo de maneira diferente. A cegueira enquanto excesso de informação supérflua, de pré-conceitos, que nos cegam... em oposição à ignorância, como o interpretei quando li o livro. A visão como recompensa de um amor que salta além desses preconceitos, e na recompensa desse amor a visão da imundície que a cegueira gera.

A beleza do livro é essa, aliás. A narrativa aberta, até no tema. A mensagem é a que cada um quiser tirar... poderá haver pessoas que não façam interpretação nenhuma, que entendam apenas como uma epidemia de cegueira, e nada mais. Por exemplo as crianças que partilharam connosco a sessão... vão-se queixar da ausência de efeitos especiais e assim...

...

Gostava também de escrever sobre as possiblidades que tenho de me sair o euromilhões. Agora que não jogo são diminutas.

...

Que escrever sobre nós?!... "Às arveres somos nózes"

...

Sobre mim?... hum... fico muito gira de pijama de bloco R.... sonha com isso! *wink*


Espero que a escrita esteja fluida o suficiente, como se os teus olhos tentassem seguir o vento... *wink wink*

novembro 25, 2008

Lead India

novembro 16, 2008

5ª feira negra

Irrita-me a arrogância de se pretender entender os outros a partir de nada. Sempre me irritou. Provavelmente porque várias vezes sou alvo dela, uma vez que opto por não me dar de barato a toda a gente.

Presumir que se conhece alguém, ter por garantido, a certeza que se conhece alguém... essa certeza, quase sempre arrogante, irrita-me.
Por vezes, quando baseada em observação (da pessoa, dos gestos e atitudes), o que revela que de facto se investiu alguma coisa nesse conhecimento, é tolerável, muito embora pese sempre o facto de nos despir frente ao outro... e naturismo é bom para quem gosta.

E isto surge-me porque me incomoda a visão que a população em geral forma acerca da classe médica. Adquirida recentemente, à laia de séries de TV, de media sensacionalistas, de (des)conhecimentos veiculados pela internet quando não há capacidade (leia-se formação científica) para compreender e digerir.

Os médicos são ricos.
Os médicos fazem greve porque querem ir de férias, ao contrário dos restantes trabalhadores que fazem greve porque o patronato os vilipendia.
Irrita-me... irrita-me porque a verdade é que os médicos até são a classe que menos abusa do direito à greve em portugal. Pois, mas é porque são ricos...

O médico é bestial quando nos confirma doenças, quando nos passa baixas, quando nos passa receitas (de preferência com antibióticos, que se entendem como panaceia universal não sei bem porquê), quando nos põe em lista de espera para uma cirurgia da qual não precisamos... passa a besta assim que nos recusa seja o que for com que vamos fisgado ao pedir a consulta.

98% do trabalho de um médico (excepção feita a algumas especialidades) não é curar, é averbar saúde, assegurar as pessoas de que estão sãs. Na minha curta experiência (de aproximadamente 4 anos), poucos foram os que encararam bem essa notícia. Estranhamente preferiam estar doentes. Agora vão dizer o quê aos amigos e vizinhos? Que são mariquinhas porque se queixam e na verdade não têm nada?!

A saúde já não é um bem precioso, não dá conversa, não gera empatia...

Não fumar mata

É sempre bom alguém estar sóbrio, alguém para guiar os cegos.
Alguém para se meter no meio da confusão, para separar as partes... com sorte é ele que sai lesado.

novembro 15, 2008

Hímen

Na nossa sociedade, longe vão os tempos da desonra vinda da ausência de uma mancha rubra nos lençóis matrimoniais... já não dispomos do costume bárbaro da exibição de tal troféu à janela, ou do repúdio da mulher que não o proporcionasse.

Os pudores com a iniciação sexual têm-se vindo a dissipar, ao longo dos tempos e gerações. Actualmente estranho é esperar-se até ao casamento... mais, na geração adolescente (e pré-adolescente) actual, estranho é esta iniciação não se dar pelos 12anos ou antes.
E eu recordo-me de considerar uma das minhas melhores amigas uma doida por a idade que a definia enquanto pessoa (os adolescentes são estúpidos, ou pelo menos incapazes de ver o grande cenário) ser 13 anos...

Mas esta liberdade sexual precoce tem características específicas. Estranhamente, nos dias de hoje, as preocupações dos jovens não são as doenças sexualmente transmissíveis... eu não entendo como é possivel que quase 30 anos depois dos primeiros casos e 20 depois de ser conhecida e reconhecida como tal, os comportamentos sexuais não estejam ainda sujeitos a um temor pela infecção com o VIH (não falando dos restantes, alguns dos quais igualmente crónicos e condicionantes da vida futura).

Não há actualmente uma alma que não saiba como se transmite e como se pode evitar essa transmissão, no entanto a juventude de hoje em dia não se preocupa com isso.
Preocupa-se com o que todas as adolescentes sempre se preocuparam, com a gravidez indesejada. Revolta-me e preocupa-me, mas é um facto.

A geração de jovens raparigas no início da sua adolescência ou na sua pré-adolescência demonstra uma preferência (exigência) pelo sexo anal como método de contracepção. Sem preservativo, como se supõe, ou a contracepção não seria uma questão (duvido que se estejam a preocupar com os 2% de falibilidade).

Os tempos que correm devolvem a importância perdida à virgindade física da mulher, que volta a ser guardada. Não pela sociedade, mas pela própria mulher, que volta a "guardar-se" para o casamento, ou pelo menos para alguém especial... é quase poético...

novembro 13, 2008

Who the hell is Matt?!

Quando vi o primeiro filme pela primeira vez, há uns anos, vieram-me as lágrimas aos olhos. A beleza por vezes tem esse efeito... Eis o Matt, e os seus novos filmes.

Matt is a 32-year-old deadbeat from Connecticut who used to think that all he ever wanted to do in life was make and play videogames. Matt achieved this goal pretty early and enjoyed it for a while, but eventually realized there might be other stuff he was missing out on. In February of 2003, he quit his job in Brisbane, Australia and used the money he'd saved to wander around Asia until it ran out. He made this site so he could keep his family and friends updated about where he is.
A few months into his trip, a travel buddy gave Matt an idea. They were standing around taking pictures in Hanoi, and his friend said "Hey, why don't you stand over there and do that dance. I'll record it." He was referring to a particular dance Matt does. It's actually the only dance Matt does. He does it badly. Anyway, this turned out to be a very good idea.
A couple years later, someone found the video online and passed it to someone else, who passed it to someone else, and so on. Now Matt is quasi-famous as "That guy who dances on the internet. No, not that guy. The other one. No, not him either. I'll send you the link. It's funny."
The response to the first video brought Matt to the attention of the nice people at
Stride gum. They asked Matt if he'd be interested in taking another trip around the world to make a new video. Matt asked if they'd be paying for it. They said yes. Matt thought this sounded like another very good idea.
In 2006, Matt took a 6 month trip through 39 countries on all 7 continents. In that time, he danced a great deal.
The second video made Matt even more quasi-famous. In fact, for a brief period in July, he was semi-famous.
Things settled down again, and then in 2007 Matt went back to Stride with another idea. He realized his bad dancing wasn't actually all that interesting, and that other people were much better at being bad at it. He showed them his inbox, which, as a result of his semi-famousness, was overflowing with emails from all over the planet. He told them he wanted to travel around the world one more time and invite the people who'd written him to come out and dance too.
The Stride people thought that sounded like yet another very good idea, so they let him do it. And he did. And now it's done. And he hopes you like it.
Matt lives in Seattle, Washington with his girlfriend, Melissa, and dog, Sydney. He hasn't had a real job since Stride called him up. Matt doesn't mind working, but he doesn't much care for having to show up at the same place every day.

Matt is not rich. Matt also doesn't have some magical secret for traveling cheaply. He does it pretty much the same way everybody else does.
Matt thinks Americans need to travel abroad more.
Matt was a very poor student and never went to college. When he got older, he was pleased to discover that no one actually cares. Matt doesn't want to imply that college is bad or anything. He's just saying is all. There's other ways to fill your head.
Matt is left-handed.
When Matt was younger, he could hang seven spoons on his face at once. Sadly, puberty made Matt's face less conducive to spoon-hanging.
Matt's Xbox Live screen name is BadDancer. He plays a lot of Rock Band.
Matt has a little piece of extra cartilage sticking out on the rim of one ear and a little hole in the same place on the other ear. Since saying so on this page, he's been informed that the extra piece of cartilage is called a
Darwinian Tubercle. Matt thinks this is pretty much the greatest name for anything ever.
Matt has never lost a staring contest.









novembro 09, 2008

Tenho saudades tuas

Não gostei de te sentir frio. A mão fria, a cara fria, gelada.
Do mesmo modo que não gosto de me referir a ti no passado. De me corrigir porque aplico erradamente um tempo presente.
Custa-me que não seja presente.

Luisa, a ama

E isso lembra-me... tive de certo modo uma Nanny McPhee, mas a minha chamava-se Luísa. Era parecida com a Eva Wilma, mas mais gordinha. Quente, corpo de mãe. Gostava tanto da Luísa...

A minha mãe foi dondoca até ao ano em que nasci. Até 80, dedicou-se a passear com os filhos, comprar-lhes roupas, tirar-lhes fotografias lindas no parque eduardo VII empoleirados em troncos de árvores e depois revelá-las, tornando-os mais louros, mais angelicais (os meus irmãos sempre foram lindos, mas bem que se lixa que o mais lindo é o mais moreno de todos). Ler-lhes em inglês, francês e mais alguma coisa (português, quiça... com sorte) tiradas pseudo-intelectuais que segundo ela são responsáveis pelo grau de inteligência dos filhos (dos 4 primeiros)... não sei bem o que isso diz de mim, na sua opinião.

A partir de 80 foi para a empresa do pai, prevenir o desfalque perpetrado pela ovelha negra da família (todas têm uma).

Eu, desde que tenho memória, me vejo no escritório a olhar atentamente o meu pai. Rodeado de luzes amareladas, quentes, a ler. Ou então com a Luísa... a pedir-lhe para me ensinar a coser, a passar a ferro, a tricotar. Desde pequena que sou estúpida, deve ter sido à conta do pouco Baudelaire.

A Luísa era de certo modo a minha mãe. Por ela tinha o amor que penso ser normal sentir-se por uma mãe. Com a minha mãe sempre foi mais uma veneração, parcimoniosa, distante como convém.

Lembro-me de estarmos de férias, e a ir pôr de bicicleta à estação do estoril, onde diariamente apanhava o combóio de volta para casa. Acho que sempre fui uma criança meio inadequada. Não me sentia bem com quem devia. Era com aquela velhinha meiga e calorosa, que me sentia melhor. A pregar-lhe sustos, a dar-lhe e receber beijinhos, a ouvi-la, a aprender dela as coisas mais idiotas e nocivas, que ainda hoje são as que me aquecem o coração de recordar... carcaça com manteiga e açucar por exemplo...

Quando eu tinha uns 8 anos, ela foi-se embora, por motivos dela (a família dela afinal não éramos apenas nós). Lembro-me de uma vez dizer à Luísa que ela podia ficar a morar connosco. Ela e a minha mãe sorriram-se e tomaram por altruísmo o que era o mais profundo egoísmo.

Nunca mais soube dela. Não é compreensível para quem não viva na minha pele e não tenha vivido a minha infância na minha pele, mas nunca lhe telefonei por vergonha. Vergonha de pedir à minha mãe o telefone da Luísa, vergonha de pedir para telefonar à Luísa. Não me recordo de ter vergonha de falar com a Luísa. Ia sabendo notícias quando a minha mãe falava nela, por lhe telefonar ou vice-versa.

Talvez com uns 15 anos tenha sido a primeira vez que tive coragem de perguntar pela Luísa. A última vez que perguntei, talvez há uns 6 anos, a minha mãe já não me soube responder.

Será sempre a velhinha de 60 e qualquer coisa anos que faz uma das minhas primeiras memórias, que faz as minhas melhores memórias.

Fui ver, era o domingo

É possível que esteja deprimida... chorei como uma madalena a ver o final da Nanny McPhee (but then again, gosto tanto da Emma Thompson).


É como as avós, gostava de ter tido uma assim...

This is the end, beautiful friend

... tenho um pelo de sobrancelha branco... alvo como a barba do capitão iglo (e que gira que ela é, na cara do capitão iglo)!!

novembro 07, 2008

Possui-me e cala-te

Cristiano, és podre... mas és burro que nem uma porta...

novembro 06, 2008

Culinária microbiológica

Já não me lembrava o que é estar doente... náuseas, tonturas, cabeça a latejar...
E não tinha saudades.
A bem dizer, acho que estive doente há pouco mais de um ano, daquelas amigdalites horríveis que não nos deixam sequer deglutir a saliva sem um sofrimento (e por isso constante).

Mas apaguei isso da minha memória. Apago sempre, porque regra geral tenho uma gripe forte por ano... antes era na altura do estágio de Pediatria (metermo-nos dentro de uma caixa de Petri teria efeitos menos deletérios), agora é quando contacto com uma criancinha qualquer que teime em espirrar-me para cima ou afim doçura.

E assim foi... eu gosto (muito) de crianças, mas na 2ª feira às 8am, estava eu a iniciar a volta ao banco, começo a sentir-me incomodada por um som repetitivo...

Fui ver, era a tosse (não convulsa, mas pelo menos compulsa) do filho de uma enfermeira (óptimo sítio para trazer crianças btw... maravilhoso!)... sem mãozinha à frente, dele ou de alguém com obrigação de ter bom senso (e educação), sem dó nem piedade... milhares e milhares de gotículas de sabe-se lá qual bicho vindas directamente para cima de mim.

Juntam-se-lhe noites mal dormidas, junta-se-lhe uma manhã num frigorífico de sala a enregelar e dá nisto.

Temperar a gosto e bom proveito!

A crise (conclusão)

Não, a crise não acabou... o que é facto é que a história descrita no post anterior também não se ficou por aqui.

Tive direito a ir duas vezes seguidas à casa que queria ver.

A primeira, na qual fiquei no parque à espera que aparecesse alguém até achar que o atraso já era oficialmente incorrecto socialmente, após o que peguei no telefone e fiquei a saber que o senhor da imobiliária tinha feito a proeza de me confirmar (taxativamente) que a visita era no próprio dia, mas na verdade ela ser no seguinte.

Muito danada fui-me embora e nem dei certezas de poder ver a casa no dia seguinte.

Mas porque sou uma fácil, o interesse é meu e há orgulhos que são mera estupidez, lá fui eu ver a casa 2ª (1ª) vez.
E ainda bem... é bem possível que venha a ser a minha casinha...

outubro 30, 2008

A crise

Diz-que há recessão económica...
Diz-que quem quer comprar é um achado e cai tudo em cima...
Diz-que o mercado imobiliário está especialmente afectado pela recessão, e que ninguém consegue vender nada...

Alguém me explica então porque é que os vendedores se fazem difíceis para mostrar as casas e eu é que tenho andar atrás das agências imobiliárias que ficaram de me telefonar para saber se a visita está confirmada ou não?!

Crise por crise, não é por isso que o português deixa de ter a sua aversão a trabalhar.

outubro 29, 2008

Definitivamente é estreito...

-Tou??? Mariano Gago? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui, porque o meu curso de informática foi tirado na Independente e o professor faltava muito. Estou a experimentar um destes novos computadores dos putos, o Magalhães, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada?
- Desculpa?....
- Aquilo fecha a que horas?
- Zé, meteste a Password?
- Sim! Quer dizer, copiei a da Maria de Lurdes.
- E não entra?
- Não, pá!
- Hmmm....deixa-me ver... qual é a Password dela?
- Cinco estrelinhas...
- Oh, Zé!....Bom, deixa lá agora isso, depois eu explico-te. E o resto, funciona?
- Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: 'Cannot find printer'! Não percebo, pá, já levantei a impressora, pu-la mesmo em frente ao Monitor e o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá!
- Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dá novamente ordem de impressão.
Sócrates desliga o telefone. Passados alguns minutos torna a ligar.
- Mariano, já posso dar a ordem de impressão?
- Olha lá, porque é que desligaste o telefone?
- Eh, pá! Foste tu que disseste, estás doido ou quê?
- Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta.
- Dou a ordem por escrito? É um despacho normal?
- Oh, Zé... Foooooodasss... Eh, pá! esquece.... Vamos fazer assim: clica no 'Start' e depois...
- Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates...
- Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí... Olha lá, e já tentaste enviar um mail?
- Eu bem queria, pá! Mas tens de me ensinar a fazer aquele circulozinho em volta do 'a'.
- O circulozinho...pois.... Bom... vamos voltar a tentar aquilo da impressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas, Ok?
- Espera aí...
- Zé?...estás aí?
- Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também?
- Fooodasss Zé.... Senta-te, OK? Estás a ver aquela cruzinha em cima, no lado direito?
- Não tenho cá cruzes no Gabinete, pá!...
- óóóóóóóóóóóóólha para a porra do monitor e vê se me consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte debaixo do écran?
- Samsung.
- Eh, pá! Vai pró....ca
- Mariano?... Mariano?... 'Tá lá?... poooorrrrraaaa o que é que lhe deu?... Desligou....

outubro 28, 2008

Esqueletos no armário

Ainda não partilhei por aqui os meus recém-adquiridos vicios (recém? já vão 3 meses quase)...

Começou por um, o travian. Neste, podemos construir aldeias, torná-las independentes, defendê-las contra os jogadores mais avançados que nos vêm roubar os recursos para também eles crescerem (mas a outro nível... eles são muit'à frente).

Passamos essa fase, começamos nós a atacar os mais pequeninos (uma espécie de cadeia alimentar) para crescer nesse nível já mais à frente. É giro, engraçado... para quem gosta de estratégia. É uma espécie de um tamagoshi à escala da world wide web.

Pela constante ameaça de ter alguém a atacar-nos e levar-nos os recursos, ou de produzirmos recursos de modo a preencher o nosso espaço de armazém e outras questões prementes, acaba por se tornar uma certa dependência... chegamos a casa e nem "olá mãe, olá cão, olá amor"... qual quê... é directamente para o computador!
No entanto para quem trabalha ao computador diariamente é um jogo fácil de gerir... De quando em vez vai-se espreitar o menino. Não é o meu caso, por isso passo a vida stressada a correr para o computador.

De um café na esplanada do CCB, fazem já uns 2 meses mais ou menos, surgiu o outro vício. Um jogo que já metia recursos diferentes (cristal, enxofre?! deve ser interessante), que tinha frotas, fazendo supor que havia água (boa!)... novas dimensões, tenho que experimentar.

Assim foi, lá fui eu para o Ikariam. A grande maioria das pessoas que foi comigo para este (basicamente os monguitos do travian) não lhe achou piada... Eu achei. Apesar de muito mais lento, é mais complexo. E gostei e fiquei.

E recomendo.

outubro 27, 2008

It IS, It IS!...




A-mei... de paixão como diria o R. (e eu começaria a dizer também nesta viagem)...


- Estás a amar amiga? De paixão?


- Amei de paixão...




O betão é lindo, o frio é lindo, o "entértem" é lindo, a hipocrisia daquela gente é linda, a broadway não há palavras para descrever...




Fift avéniu, bróuei ire ai go!




PS: os turistas alemães não sabem tirar fotografias aos turistas portugueses... ou isso ou é uma técnica para sair já em formato blog-anonimato-friendly.

outubro 16, 2008

outubro 13, 2008

The true balance sheet of US Investment banks

There are two sides of the balance sheet: the left side and the right side.

On the left side, there is nothing right.
And on the right side, there is nothing left.

outubro 11, 2008

Aforismo

Por muito que custe (resistir à tentação), as lojas são como os restaurantes... paga-se para se ser bem atendido.

outubro 01, 2008

Retro/introspecção

Caí na especialidade certa sem saber ler nem escrever... sorte, talvez.

O único momento de indecisão da minha vida profissional e quase que por impulso fiz a escolha certa. Eu que não ajo por impulsos... makes you wonder...

Talvez não fosse a única escolha acertada, mas certo é que vibro com o meu dia-a-dia. Por vezes com receio, por vezes com emoção pura. É engraçado, é refrescante e nada tem de rotineiro, apesar de envolvido numa obrigatória rotina de "acordar-banho-pequeno-almoço-carro-hospital" sempre (ou quase sempre) à mesma hora...

Mesmo que cansada, mesmo que cheia de vontade de ficar a dormir mais umas horas, arrastar-me para o serviço, e de repente posso estar no bloco quando não era suposto porque um doente agravou, porque apareceu um tempo de bloco, ou simplesmente porque um chefão tem mais que fazer e são precisas duas mãos ansiosas apesar de inexperientes.

E todos os momentos em que me cortam as asas por ser maçarica, novata, sinto-me um bocadinho triste... sei que sei fazer, sei que sou capaz de o fazer... mas compreendo, claro. É uma certeza interna, sem nada que o comprove. Sei que se me sentir insegura no que faço eu própria paro e peço ajuda. Mas quase que sonho com o momento em que me deixarão fazer tudo do início ao fim, o fácil e o difícil...

Jovem adulta do restelo

Estou em profundo desacordo com o acordo ortográfico.

Gosto da minha língua, gosto verdadeiramente. Julgo que sou apaixonada por ela... dói-me na alma que seja delapidada, com consentimento do representante do país. Não é meu representante, nem votei nele, nem ele é representativo do país em que vive, mas isso são pormenores.

"Para que a língua portuguesa não se perca" por sermos uma minoria face aos outros falantes do português... brasileiro não é português. E a língua morre aos poucos e poucos com os erros generalizados, tal como com os facilitismos que pretendem que os erros desapareçam.

Transtorna-me que o acordo seja assinado e pronto: "passem a escrever mal e não se fala mais nisso"...

Gostaria de parabenizar o sr. primeiro pela sua eterna arrogância, e gostaria também de parabenizar a inteligente escolha de quem lhe deu maioria hegemónica.

setembro 25, 2008

E=mc2

Já tinha essa noção, mas tive agora a confirmação com um comentário de um colega de faculdade que está na mesma especialidade que eu... tive muita sorte/escolhi muito bem o sitio onde estou a tirar a especialidade.
Além do bom ambiente (muito embora com um ambiente algo sexista, mas acho que assim seria em qualquer lado para onde fosse), divertido e de companheirismo, da proximidade de casa, de ser uma casa que já conheço e central, tenho também o facto de estar a ter uma boa formação.
Dão-me oportunidade de fazer coisas que aos meus colegas ainda não foram dadas, e não que seja demasiado precoce, mas baseiam-se na táctica do "vais ter que fazer, portanto é bom que vejas e é bom que estudes para depois não estares feita parva sem saber o que fazer"... e resulta. Não vou para uma cirurgia sem saber o procedimento operatório, sem saber (ou pelo menos estudar de modo a tentar saber) a anatomia regional.
É claro que na neurocirurgia nada é tão linear, e mesmo quando pensamos que até sabemos alguma coisa, a mera transição do que é no papel para o acto operatória, com o posicionamento do doente e variantes do normal e sei lá mais o quê acaba por fazer com que muitas vezes fique tão à nora como se nada tivesse visto.
Mas fico feliz, porque já somo, como 1ª cirurgiã, uns hematomas sub-durais, um glioma, 2 canais estenóticos e um túnel cárpico... e fiquei a saber que isso é bom.

setembro 17, 2008

All's well... once more

- Fiz anos a 7
- Fui ver a Madonna a 14
- Tive uma apresentação a 15
- Banco "como chefe de equipe" (de mim mesma) a 16...

Crescer cansa.

agosto 31, 2008

Domingo perfeito

- Ir visitar mámãe e o cãozinho mai' lindo do mundo;
- Ser recebida com pingos de felicidade (felizmente do cão, apesar de tudo...);
- Vir passear o Argos, exultar na sua felicidade parva de cachorro;
- Ver o meu petiz, no meio de brincadeiras e cabriolas, escorregar nas lajes da fonte luminosa e cair num fosso;
- Ver o dito petiz, com água pelo pescoço, a levar com água como se de uma cascata, desorientado e perdido;
- Ver a minha sina, por-me debaixo dessa cascata, e salvar a criança;
- Perguntar-me porque não teria vestido roupa menos branco ou pelo menos mais opaca;
- Atravessar a alameda com o petiz feliz da vida, histérico na verdade, para o vir entregar a casa;
- A felicidade de um lugar à porta de casa, e finalmente banho...

agosto 21, 2008

You haven't heard it from me

Sabem o incêndio num hospital de Lisboa?

A versão oficial é que foi um laringoscópio que fez curto-circuito e pegou fogo à sala de exames e arquivos (vulgo sala de médicos)...

Through the grapevine, ouvi dizer que se fuma dentro daquela sala, que fecharam a porta da sala de médicos e só se deram conta que cheirava mal na dinamarca quando a janela da porta rebentou com o calor...

All's well

Passo a vida a criticar e a lamentar a falta de qualidade, educação, etc... passo, é um facto. Mas tenho as minhas (muitas) razões.

Tenho a marca indelével da falta de civismo e de jeito para a condução no meu Boguinhas. Ele estava bem estacionado... com espaço mais que suficiente para pasagens e manobras à volta dele. Agora, tem não só um risco (na verdade uma risca... ou uma banda... qualquer coisa que corresponda a um risco de 1 cm de largura...) imenso no pára-lamas dianteiro, como também tinta estalada e chapa metida para dentro, tudo graças a uma mesma manobra estranha.

Digo estranha porque não bastava fazer a curva apertada demais para me fazer isto ao carro, era preciso encostar ao meu carro, guinar para cima dele, avançar, depois guinar na direcção contrária sob pena de ir bater ao prédio de esquina... eu tenho destas sortes. Obviamente que não houve assumpção de culpas, no limpa pára-brisas tinha apenas poeira acumulada...

Com este fenómeno, esqueci o meu namoro com o Beetle descapotável. Não quero um carro novo. Vou curtir esta relação até que a morte nos separe (esperemos que a dele primeiro que a minha), ou até ter filhos e ter que zelar pela sua segurança rodoviária (sim, o meu boguinhas não é o carro mais reforçado em termos de segurança, mas eu gosto muito dele), whichever comes first.

E para aprofundar o romance entre nós os dois, levei-o a um spa. Enquanto espero que me respondam à reserva do meu, levei o meu miúdo ao salão de beleza e saiu um brinco.
Comme il faut, porque a tradição afinal ainda está para as curvas (ao contrário do nosso amigo que iniciou todo este affair), prontamente o tempo mudou e há-de chover em cima do meu bebé... ele gosta, é um miúdo rijo, rebelde... ele queria ser um carro de rally...

agosto 15, 2008

De livre e espontânea vontade

Voltei de um exilio maravilhoso na costa alentejana para um casamento. Pareceria um frete, e confesso que me custou sair ontem às 5pm de uma praia maravilhosa, um dia esplêndido para me pôr a caminho de Lisboa... mas a sempre familiar sensação ao atravessar a ponte e receber a visão da rive gauche (neste caso direita) ao pôr-do-sol aquece o espírito e nem deixa lamentar muito a partida do dito exílio.

Mas adiante, o casamento... foi o casamento mais lindo que já vi, os de filme incluídos. Não pela cerimónia, não pelo planeamento... simplesmente porque eles são um casal lindo, feitos um para o outro, namorados há 8 anos e apaixonados um pelo outro como no primeiro dia.

Adoro-os, indissociaveis enquanto casal, lindos...

agosto 08, 2008

Discorre para aí se queres ver [*]

Muito banco, nada de praia, e agora uma curta semaninha de férias para a zambia... ouvir dizer que vai começar o mau tempo neste fim-de-semana (já é costumeira esta sincronização com as minhas férias), mas não me chateia. Vou estar com os amiguinhos e divertir-me paletes...

Para me descansar os ânimos, fui à saúde ocupacional (não é a minha médica de família, mas também gosto muito dela), fiz umas "análses" e não tenho nenhuma grande patite v em cima... nem v, nem c... é um descanso! Nem foi preciso cortar para trás, porque não tenho nem tive... (se não percebeu nada desta conversa, está na hora de descobrir a luz: eis a luz). É que com tanta picadela, com tanto esguicho de sangue e afins, já podia *ouch*, mas com a graça de nosso senhor jesus cristo, não... saudável como um pêro.

Ainda consegui fazer com que se calibrassem as máquinas de BMs do serviço, porque as p**** resolveram chamar-me diabética... calúnias! Calúnias, que tenho tudo no sítio!! (falando de valores laboratoriais, claro está...)

[*] se queres ver: expressão idiomática (do feijó ou coisa que lho valha), que é supé... não sei porquê, mas gosto! Está a par e passo com o palitinho no canto da boca, o "mmttt mttt" a sacar o fio de carne de entre os dentos, a unhaca multiusos... se queres ver!

julho 30, 2008

House buster

Não me considero uma "molly made", nem gosto especialmente de carros cor-de-rosa... ando há cerca de um mês a ver casas, para comprar e ontem encontrei uma fantástica. O pequeno revés, estava no 4º andar de um prédio não muito bem estimado... ela própria a precisar de estima, de carinho e de camadas de estuque, paredes a baixo... um pouco como todos nós!

Comemorando este facto, ou simplesmente porque sim, fui às tapinhas (que por enquanto não doem)... no Luca tapas bar.
Comi bem, mas bem! Tudo simplesmente magnífico! E quem não me conhece não sabe o prazer que eu tenho na comida, seja a fazê-la, seja a comê-la... foi aquele momento perfeito: beringelas grelhadas, courgettes grelhadas, tomate seco, pastas várias de vegetais vários... e isto o que me fascinou mais, porque havia para todos os gostos...

As margherittas eram optimas tambem!! Perfeitas, nada falhou... confesso que teve pena de ficar cheia. Não, não foi satisfeita, foi cheia mesmo....

E é para fumadores!!!! O que é que se pode querer mais?! Come-se que nem um urso, e depois fuma-se o belo cigarro pós-prandial... há momentos na vida que se recordam para sempre...

Agora estou imune, e nunca mais lá quero voltar... :

julho 29, 2008

Lei das séries

Pois que a de ontem foi o horror... não parei um segundo... mentira, parei por alguns segundos, entre as 5.30am e as 7am, no carro porque dormir com um tractor ao lado nunca foi fácil, nem para mim.

Lado positivo, e irónico, descobri ontem porque recebo tão pouco nas noites dos bancos de semana... aliás, descobri que a minha especialidade é um bocado chulada nos bancos... as horas que para os outros são extraordinárias, para nós são incómodas...

Quer-se dizer, além de recebermos menos ainda somos privados de 12 horas fantásticas?!

julho 26, 2008

3 down, 2 more to go

Já passou mais uma, e especialmente sossegada... se quisesse teria adormecido pelas 11pm e só acordava para me ir embora. Nada de bloco, mas ao menos nada de tarefas da treta. Ainda tive direito a um jantar com o "Jô Soares" que deu para rir até mais não, até ter cãimbras nas bochechas...

Esta 2ªf vem a próxima, depois sábado e depois férias! De bancos pelo menos...

julho 24, 2008

In Pod we trust

Depois de algum stress, consegui finalmente tratar de tudo para poder ir na minha viagenzita a NYC... implicou mudar férias para não faltar ao importantíssimo curso de internos, e encaixar uma semana muito mal encaixada entre o início das férias do R. e o dito curso. Mas está feito.
Com passagem e hotel reservado.

E apresento-vos o hotel, a coisinha mais fofa e mais boa onda... amei, fiquei fã.

E lá vou eu, só faltam 2 meses, 1 semana de férias nos entretantos, 1 aniversário para ficar mais madura (como o vinho, não como a banana) e vários bancos para os cabelos brancos... diz que é sexy... eu descobri o meu primeiro há uns meses (poucos).

E com sorte, na semana de férias com que fico depois do curso de internos ainda dou um saltinho a Amsterdão... se não, dou um saltinho a outro lado qualquer, parada é que não fico...

julho 19, 2008

O prazer nas pequenas coisas

Nunca tive o tempo ou o perfil para conseguir apreciar a paz, paz de espírito... tento, gosto, mas nem sempre consigo, sempre com uma inquietude interior que não me deixa descontrair.

Hoje, perdi conta do tempo, num banho (frio), um copo de vinho verde (fresco), um maço de tabaco e a eliane elias a cantar o mais soft jazz.

E soube bem, e estou a pensar torná-lo um ritual de domingo (e pode já começar amanhã)...

julho 17, 2008

Never ending day

.. começou ontem, às 7am, e ainda não lhe vi o fim.
Não me habituei ainda a esta coisa de 24h a trabalhar, sobretudo porque tenho uma certa dificuldade em adormecer assim por tudo e por nada. Dormir para mim é para dormir mesmo, não para estar a fechar os olhos e ser chamada de 5 em 5 minutos, ou em bons dias de 30 em 30.

E ontem até acho que adormeci por 5 minutos... finalmente, depois de quase meia hora deitada, fechei os olhos e sucumbi ao cansaço às 2 e muito... Ainda não eram 3am quando bipparam e chamaram e lá fui eu... e pronto, estão-me a pagar para isso, não me posso queixar! Todos esses maravilhosos €32 e trocos que me valem essas horas da minha vida... *tough* (próxima pessoa que me disser que os médicos recebem bem pelas noites perdidas, cuspo-lhe na cara, beware!)

E com este calor é impossível dormir ao chegar a casa... sobretudo sendo que graças ao respeito mútuo entre colegas, estive 1h e tal além do esperado à espera que me viessem render. Interno sofre, mas interno de 1º ano sofre mais do que qualquer outro...

Conclusão, fui para a praia. Pensando que poderia fazer uma sorninha boa ao sol. Poderia ter pensado melhor nisso, porque com o calor que estava passei o tempo a correr para a água... já para não falar que levei o Argos e aquelo bicho é um desassossego, não deixa ninguém fechar os olhos sequer.

Enfim, hoje é noite de galinheiro... já de banho tomado, bem untada (porque vá-se lá perceber como mas apanhei um pequeno escaldanito, o 1º do ano, apesar de já ter uma boa cor e ter posto protector como sempre), pijama vestido, é jantar e cama.

Durmam bem!*

julho 14, 2008

Sexual Nationality

http://www.areyoubritishinbed.co.uk/flash/

Eu curto ao som dos abba, a 89%, e repetindo o teste com outras perguntas (experimentem várias vezes) 88% Congolesa (não Condolezza) go figure... arrisco que sorte a minha gostar mais de gelado do que de goulash...

Não muito informativo, mas engraçado.

julho 13, 2008

Night out

É uma actividade pluridimensional. De verdade, kid you not...

Antes era uma coisa essencial à vida. Quando tinha os meus 16, até aos 20 possivelmente, era incapaz de passar um fim-de-semana sem sair 6ª e sábado, dançar até de manhã. Era a loucura. Não que tivesse mais energia que hoje em dia, mas a música também era diferente. E o álcool ajudava... pois, que essa é a maior dimensão da noite que muda com os tempos.

Tristemente, com a idade em que menos podemos, é que o sair à noite é mais acerca de beber, apanhar bebedeiras, ficar com os copos. Quando ganhamos idade para ter juízo, já perdemos parte de todo o que poderíamos ter, não tivessemos andado a beber quantidades industriais de bebidas alcoólicas enquanto teenagers.

Mas com a idade aprende-se a gostar de determinadas bebidas, surgem outras que são a nossa bebida favorita, e como os nossos pais bebiam o seu gin tónico, nós bebemos o que quer que seja (inclusive gin tónico *blargh*), no meu caso o vodka black, com o prazer de quem bebe um refresco. Com a voracidade de quem bebe um refresco também. Felizmente com o fígado trabalhador de quem já bebeu de tal forma tantos "refrescos" que já encaixa bem a frescura em demasia.

Mas há uma coisa da idade adulta (diga-se a minha, vá... condescendendo) que não se coaduna com saídas à noite de grande folia. São as insónias matinais do trabalhador habituado à rotina de madruga. Convenhamos que não tem piada dormir 3h e acordar com o sabor do último vodka na boca, com a leveza na cabeça que tínhamos quando nos deitámos e com a dor de cabeça que nem sabemos bem a que atribuir, se ao álcool se à privação de sono.

E assim se explica a minha verborreia. É que desconfio que ainda estou ligeiramente ébria...

Adiante, o que me causa pruridos ao sistema (como quem diz, o que me faz comichão) é a constatação, por interposta pessoa, que sou uma cota. Com 27 anos sou uma cota. Não que assim me sinta, mas o desfazamento de mim para os outros é tal, que me sinto uma cota. Só vejo miudagem à minha volta.

E é isso que nos torna velhos, ou nos faz sentir assim. Não a idade, não as rugas, não o cansaço, não... é a falta de identificação com aqueles que consideramos jovens. É a identificação, demarcada a tinta da china, do generation gap.

E nisso a minha geração está bem lixada, porque nos vamos sentir todos mais velhos muito mais cedo, porque nunca em tempo algum alguma geração teve tão pouco a ver com as anteriores quanto a de actuais teenagers. Romperam de tal forma com os moldes que nem a geração imediatamente antes se identifica com ela. Eu identificava-me com os meus irmãos, da minha irmã mais velha que eu 10 anos até ao mais velho 2 anos que eu. Tive uma vida em praticamente tudo semelhante às deles. Passados 5 anos poucas semelhanças acho entre mim e os teenagers de hoje... pior, se eu me recordar de quando tinha a idade deles (e isto pode ir até aos 20s se preciso for) não há semelhanças no modus vivendi.

É assustador.

Assusta assistir à preversão dos valores morais, saber que os nossos pais se preocupavam connosco do mesmo modo, e no entanto saber que não tem nada a ver. Porque tanto quanto é possível prever tendo em conta a opinião transversal relativamente à prostituição desde que temos uma "sociedade", segundo sei nunca virá a ser considerado íntegro ou digno fazer prostituição em troca de carregamentos de telemóvel.

Sexo em público é uma situação quanto à qual já não sei o que dizer... pode vir a ser considerado fixe...

"Bebi literalmente uma morangoska!"

... Como beber figurativamente uma morangoska?! Esta é talvez uma das questões mais pertinentes que já ouvi serem colocadas...

O que é literal, o beber («Bebi, literalmente, uma morangoska») ou a morangoska em si («bebi, literalmente uma morangoska»)?... dinâmica complexa! Complexíssima... E o que é beber literalmente, ou literalmente beber? Beber, tout court, certamente...

Por outro lado, se for a morangoska o alvo desta literalidade, o que é uma morangoska literal?! Estarei certamente toldada, de horizontes limitados por não alcançar esta conclusão de modo quase intuitivo... certamente.

Por oposição, temos o aspecto figurativo da questão... bebi figurativamente uma morangoska... pois... na prática não se bebeu, simplesmente se passeou com ela na mão porque é cor-de-rosa e bonita e é fresquinha na mão! Ah... pois... os opostos e negações elucidam-nos tanto por vezes.

A criança bebeu, portanto, a morangoska. Que se calem as vozes de ignomínia, os falsos testemunhos, cheios de escárnio e más intenções... a criança bebeu, Bebeu!, a morangoska.

Literalmente...
E isso faz toda a diferença.

julho 10, 2008

Os cães d'água portugueses versus os meus

Não sei se já falei aqui deste perssonage que entrou na minha vida há coisa de 4 meses. É amoroso, incontinente de alegria (e infelizmente não é só a alegria que não contem), e ninguém lhe resiste.

Chama-se Argos, o segundo, e é um cão d'água português... como o meu anterior cão d'água, não é muito fã de água na sua forma mais rebelde, no mar... o que é uma espécie de contradição, uma vez que a raça foi criada e desenvolveu-se em paralelo à actividade piscatória deste nosso país à beira-mar plantado. Eram os cães d'água que se uma rede tresmalhasse, saltavam do barco e iam em profundidade apanhar a rede e devolvê-la ao dono/pescador... saltavam igualmente para um mar revolto se alguém nele caísse, para os ajudar a vir à tona e assim salvar o dia.

O meu tem medo das ondas, acha a água muito fria e se eu me afasto mais que 2 metros dele com ele na água começa a chorar...

Em oposição, dêem-lhe chafarizes, regadores de relva, qualquer poça ou forma de água estagnada e ele está lá, a fazer juz ao nome!

julho 07, 2008

Money makes my world go around

Já a Liza with a Z o dizia... talvez não desta forma, mas who cares?!

Ando ausente porque sim... ausente porque me perco em deambulações nem sempre (quase nunca) para aqui transcritas.

Feliz com pequenos nadas como decidir onde aplicar o dinheiro que poupo, decidir o que me dá mais retorno, vigiar atentamente o meu dinheiro aplicado tal e qual como se estivesse enfiado no colchão... vê-lo subir e assisti-lo a descer. A emoção não é a mesma nestes dois movimentos, como bem se entende, mas há emoção!

Poucas coisas me deixam tão feliz como ter dinheiro... opinem e pensem o que bem entenderem, mas é verdade. Fico feliz pura e simplesmente por o ter. Digam que o dinheiro não traz felicidade que neste momento me rio na vossa cara. Sempre achei que no mínimo a mandava buscar, de limousine!... Hoje sei, convicta como em poucas coisas, que o dinheiro por si só é capaz de me dar felicidade. Não me faz feliz, mas dá-me felicidade... é um estado efémero, como o é toda a felicidade. E do mesmo modo que ver os meus sobrinhos sorrir ou gargalhar, ver o meu cão a sarapantear-se todo de alegria perante uma palavra de apreço ou pelo mero facto de me ver ou ouvir, me faz sorrir e sentir momentos da mais pura felicidade, também o faz olhar para o meu extracto e ver números vários, diferentes (e sobretudo superiores) do 0.

Sou materialista, pois sou... e não vejo mal nenhum nisso. A felicidade está nas pequenas coisas, em saber apreciá-las, e eu sei apreciar o meu dinheiro, e por isso ele faz-me feliz. Bem vistas as coisas até pode ser um estado de evolução mental *risos*.

Além disto, ando entretida a ver casas para comprar... sem pressas, sem stresses. Assim o dizia eu no início da busca. Mas os agentes imobiliários não se compadecem com a minha vontade de calma e no-stress... toda a gente me stressa. E já vi paletes de casas, e como sou uma consumista inveterada e (cá está novamente) aprecio as pequenas coisas (inclusivé quando não têm muito que apreciar) já me embeicei por algumas...

E isso aborrece-me. Não era isto que eu queria. Queria ver casas, ter noção do mercado e ficar on the look out para uma grande oportunidade. Com tempo... para daqui por uns 2 ou 3 anos efectivamente a comprar. Obvio que eu não tenho pressa, mas eles têm, daí que me pressionem e me stressem... faz sentido que eles não queiram andar a mostrar-me casas ou a dar-me informações de casas ao longo de 3 anos... podia ter pensado nisso antes de facto!

Conclusão, já me irritei com a busca. Estou capaz de os correr a todos a pontapé... e depois a insistência em falar ao telemóvel quando eu peço para me mandarem as informações por email. Irritam-me!

Irritam-me ainda mais os preços praticados no mercado imobiliário, que de um modo geral me dão vontade de me partir a rir na cara das pessoas... talvez o devesse até fazer, porque diz que dá resultado.

E pronto, são estas as deambulações me(n)tais que me ocupam nos dias que correm...

But enough of me, what about you?!...

maio 30, 2008

Wow-oh-oh-oh oh-oh-oh Rock in Rio!






















... e ao rock in rio ver o lenita, a amélia e a ivete infelizmente também não que amanhã tenho banco de 24h... *pouts*

maio 27, 2008

A vida de uma neuróloga com prazo de validade a expirar em 2 meses

E para quem se interroga, como é que eu posto às 10.30am... pois que eu estou no estágio mais estupidificante da minha vida. Pois que neurologia (que sempre me apelou e influenciou em tanto a minha escolha de especialidade) está a ser uma decepção.

Não tenho grande coisa para fazer, mesmo nos dias em que toda a gente me diz "coitada, vais estar sozinha"... tudo se despacha a maior ou menor velocidade. E hoje por exemplo, que não estou sozinha no serviço (infelizmente é comum uma interna de 1º ano de outra especialidade estar como chefe de tira, go figure), são 10.30am e depois de já termos ido tomar café ao bar, já não tenho nada para fazer...

Dolce fare niente mai ésse que antes queria estar a dormir ou a fazer algo de útil (como dormir)...

I'm gonna be four of me

Amanhã, tudo correndo bem, nasce o sobrinho que me faz quadri-tia! Gravidez complicada, parto mais complicado ainda... mas amanhã é que tudo começa, e a ideia de passar por tudo outra vez é deliciosa.

Está 2-2, como é que é?!...

maio 25, 2008

Compreendes-me?

Não me parece assim tão óbvio que não me vejas de tempos a tempos. Não consigo deixar de o entender assim. E gostava de não me ter ido a baixo, de não me ressentir da tua ausência e isso não se demonstrar no desânimo que trago diariamente.
Gostava de te fazer sentir orgulhoso de mim, como tantas vezes o vi nos teus olhos, e imaginar-te feliz por seres quem me tornou assim... mas agora não consigo, não consigo mesmo.

maio 05, 2008

Eu e a neurocirurgia - parte uma de muitas

Como será espectável mantenho o sentimento de inadequação. Porque sou conscienciosa, e porque de algum modo os graúdos por vezes apreciam denotar essa inadequação, mesmo que em tom de brincadeira, de provocação. Aceito-as, até porque não tenho o que mais fazer quanto a elas, pois sei serem verdadeiras.

Não admito no entanto que a chacota do serviço por ser ignorante, pouco estudioso e em termos genéricos só fazer merda a operar questione a minha inteligência. Que o fez e depois ainda tentou justificá-lo, como fazendo parte do "entrar com os novos internos"... entrar com ou nos, não me foi bem claro, mas a minha posição quanto a "entradas" é mais que clara.

Enfim, pormenores... tendo em conta que ao fim de 3 meses, foi a primeira situação em que torci o nariz a alguma coisa, sendo que o meu nariz por vezes parece estar naturalmente torcido, acho que é um óptimo presságio quanto à minha capacidade de adaptação.

Elogios vou recebendo alguns, menos parcos que as minhas capacidades (felizmente, que sem reforço positivo facilmente me deprimiria...), mas nenhum me soube tão bem quanto aquele que na prática não vale nada. A mãe de uma doente, que me garantiu que eu iria ser uma excelente especialista... na verdade não fiz nada senão ser atenciosa para com ela e explicar-lhe tudo o que ia acontecendo e o que esperar a cada momento.
No fundo não fui grande médica, fui simplesmente humana, que parece ser uma característica que se deve perder na razão directa da aquisição de conhecimentos.

E assim se confirma que nem tudo o que nos ensinam deve ser aprendido.

Pantones

Só porque sim, só porque cair existe para que nos possamos levantar...
Há 1 mês tomei o meu primeiro banho de mar (dia 12 de abril mais precisamente).
Levei o canito da minha mãe a passear na praia com o meu amigo R., que me levou a fazer um programa que achou que eu iria gostar. E gostei. E o canito gostou também.

Na 3ª feira seguinte lá fui eu novamente. De saída de banco fui para a praia. Novo banho.

Dizem as más linguas que a água estava intragavelmente fria. Digo eu que tenho tradição de nunca me negar a um banho de mar, esteja a temperatura que estiver, seja o mar qual for (mesmo que o nosso ranhosito da costa da caparica).

Este fim de semana mais gordito, aproveitei para ir ao algarve, ganhar cor, ou tingir-me mais precisamente, pois que estou preta (re)tinta. Pois que por vezes (quase sempre) basta isso para me sentir um nadinha bem.

abril 17, 2008

Só às paredes confesso

Adquiri um hábito, com os meus 11-12 anos, de escrevinhar tudo o que sentia e pensava. Esse hábito foi caindo em desuso à medida que adquiri a capacidade absolutamente banal (mas para mim sobre-humana) de falar com outras pessoas, amigos... exteriorizar o que se pensa e se sente não num papel ou com uma parede, mas com alguém com capacidade de resposta, quanto mais não seja de anuência.

E agora volto a esse hábito. Mesmo sabendo que há quem leia o que escrevo, mesmo sabendo que alguns desses interlocutores por direito que escolho abnegar vão ler o que escrevo, mesmo assim volto a este hábito. Porque não sei como o dizer, não sei como fazer as palavras sair. Enrolam-se-me na boca, afloram os lábios com uma inspiração profunda, mas quase nunca saem, quase nunca há o timing, quase nunca o silêncio é longo o suficiente para me dar espaço.

abril 12, 2008

Wild bore

Canso-me, de me esconder de mim mesma... chega ao ponto de me surpreender a mim mesma quanto a quem sou.

Queria ser previsível, mais previsível... sempre achei isso um defeito e a complexidade uma virtude. Hoje acho surpreendente perceber que estava errada.

Sonhei contigo, na verdade tive um pesadelo contigo... não estavas bem. Não me lembro, mas lembro-me da angústia de acordar por não querer encarar que não estavas bem... não é possível que assim seja, sei que não. Se há coisa que tenho como certa é que se alguém merece estar bem és tu, por tudo o que fizeste e por tudo o que passaste, pelo tanto que te amamos.

O sonho deve-se a ideias de pessoas delirantes, doidas na verdade... que uma vez mais guardei em mim. Para os proteger... guardo-me em mim também, porque tudo isto fica entre mim e eu mesma. Sinto-me cada vez mais sozinha de tão fechada. Tenho saudades da tua mão quente e grande suficiente para me fazer concha à cara, tenho saudades de pousar a cara nela... não precisava de mais nada.

abril 08, 2008

Faltam-me as memórias

Lembranças vagas, momentos fugidios... por vezes em flashes, por vezes um momento inteiro me ocorre. Custa-me que o mais marcante, e aquilo que mais facilmente me ocorre sejam estes 6 anos.

Invejo por vezes os meus irmãos, que tiveram uma vida inteira adulta para absorver tudo... tirando aquilo de que não tenho grande memória ou pelo menos muito bem definida, tirando a presença central e marcante (pela negativa na maioria dos casos) da minha mãe, pouco resta... resta uma adolescência em que me alheei de todos e ficaste tu, mas nem dessa retenho memórias definidas.

Tenho episódios, tenho expressões, tenho momentos... tenho abraços, tenho carinhos, tenho olhares... não te tenho a ti. E isso custa-me...

Sinto que me escapas por entre os dedos. Sinto que as fímbrias de memórias que tenho, também elas se desvanecerão. E isso custa-me, custa-me tanto...
Tenho necessidade de ouvir falar de ti, tenho necessidade de te sentir, mesmo que por interposta pessoa... espero que vejas que isso acontece, espero que vejas que aquilo que sempre me pediste está a acontecer por ti... por tua causa estamos mais próximos. E teria que ser assim, porque sempre foi...

Nunca pensei que me custasse tanto, sempre pensei estar preparada, sempre pensei estar à espera, sempre pensei quase o desejar (por ti), sempre pensei conseguir ser fria o suficiente para distinguir o racional do emocional... e não sou. Não consigo. Sei que te queria ter aqui. Sei que faria tudo de maneira diferente. Sei que não me é dada essa oportunidade e isso custa-me...

So dear friend

Escolho os meus amigos não pela pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri connosco não sabe sofrer connosco.

Os meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.


Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois vendo-os loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.



Oscar Wilde

março 28, 2008

Entre nós os dois

Não cabe num cartão, nem cabe aqui... não cabe em palavras. As que toscamente esbocei nunca te deram a real noção.

Espero, infelizmente não consigo crer com certeza, mas espero realmente que agora consigas perceber.. tu nunca acreditaste e eu sempre questiono, mas algures no espaço e no tempo tu agora percebes, o que tantas vezes escrevi e algumas te dei a ler, o que tantas vezes pensei e senti.

Sempre acreditei que eras tu que me conseguias ler... os dois calados por feitio, tu entendias a minha linguagem muda. Há 6 anos que tenho saudades tuas, estupidamente pensei que só elas me restavam. Agora tenho saudades do que nem cheguei a viver nestes 6 anos... e por isso desculpa-me.

E tudo o resto que fica entre nós...

março 15, 2008

A vida depois de...

Ina pá... ele há dias em que tudo nos passa pela cabeça e algures se encontra um outlet para tanta informação, vezes demais errante e como tal errática... ele há dias em que só queremos etiquetas, gavetas, caixinhas.
Este é (mais) um desses dias. Tenho andado com esse espírito. Certamente porque tanta coisa acontece ao mesmo tempo, tanta coisa tenho pendente ou nas prioridades imediatas que me perco.

Começar a especialidade, suponho eu, é um recomeço para todos. Sentirmo-nos vacilantes, inaptos, muito bebés... a minha é capaz de ser uma das mais mázinhas neste aspecto. Sinto que dos 6 anos de estudo, pouco se retira que ajude neste momento. Assim sendo tenho que reaprender a anatomia, tenho que aprender uma série de coisas que desconhecia, tenho que estudar até cair para o lado à noite. A única boa notícia é que afinal tenho mais tempo livre do que pensava, porque os neurocirurgiões, tal como todos os outros cirurgiões diga-se, não passam muito tempo no hospital. A única diferença é que as cirurgias são mais longas e eventualmente 1 ou 2 vezes por semana fico para além do meu horário por estar no bloco... nos restantes, a hora de almoço (que pode chegar até às 4pm) é a charneira, o que me dá tempo para ginásio, para chegar a casa, estudar até dormir... isto para no dia seguinte levar uma rabecada por não saber qualquer outra coisa que não vinha a propósito de nada, e como tal não foi estudada na noite anterior.

O ambiente é óptimo, as pessoas simpáticas, a vontade de ensinar é mais que muita. Não me queixo nesse aspecto. Tenho sim o peso de todos os calhamaços que tenho que ler, e pior, tenho ainda que comprar, sobre os ombros...

Não estou acostumada a sentir-me ignorante, e de facto é assim que sinto dia após dia. De vez em quando as coisas correm mais ao meu usual e sinto-me bem comigo mesma. Já noto diferenças entre o 1º dia e este 40º qualquer coisa...

Outra coisa a que não estou acostumada são os bancos de 24h... alguém deveria ir para o inferno por ter tido tal ideia estúpida. 24h a trabalhar é incomportável, muito menos em profissões em que o erro é intolerável ou inadmissível. Quem foi o idiota que se lembrou disso, hein?!

Mas tem tudo o resto. O fascínio de voltar a aprender... não é tão grande quando se mantém fixado o tanto que se tem para aprender, mas dá na mesma um certo prazer. O olhar para trás e ver um percurso, pequenino, mas onde vemos as nossas próprias passadas. As primeiras oportunidades de intervir, as primeiras intervenções e as primeiras pequenas sensações de autonomia... o poder prescindir da sinceridade perene (e necessária, convenhamos) de dizer "não sei", para responder a uma qualquer pergunta que faça um colega de outra especialidade, uma enfermeira, um tutor... isto partindo do pressuposto que se dá a resposta só quando se tem a certeza de que é a correcta! Convem!!... É que nem todos sabem tão bem quanto nós o quão maçaricos somos... alguns, incautos, até olham para nós e pensam "maçarico ou não é a especialidade que está a tirar, mais do que eu disto sabe de certeza"... olhe que não, olhe que não!!...

E com isto vem mais um ponto negativo. Sinto-me a morrer para o mundo extra-hospital, extra-especialidade... não leio um livro desde que comecei a estudar para a especialidade (excepto, obviamente, livros relacionados com o que estudo), não vou ao teatro ou a uma exposição ou a qualquer coisa de medianamente cultural há quase 1 ano, excepção feita a um ou outro concerto. E custa-me... sinto-me esmorecer em tudo o resto enquanto cresço naquilo em que temo que me venha a tornar. Pressinto mais uma crise de meia-idade, em que me sinto desinteressante e desinteressada... pressinto... convenhamos, está instalada de pedra e cal.

Sinto que perco a ligação com as pessoas mais distantes, aquelas que são nossas amigas e vemos de tempos a tempos, que não são parte do nosso quotidiano mas que quando estão por perto encontramos com gosto... sinto que a inadequação é também característica dessa situação.

Basicamente estou cansada... cansada de lutar contra tudo o que não quero que aconteça em consequência de... e acho que isso significa que vou mesmo deixar de lutar. A vida é assim, nem sempre toma o rumo que queremos, nem sempre pára para descansar quando mais nos doem as pernas ou mais nos falta o ar.

A solução é mais ginásio e deixar de fumar... ok, então a solução é ginásio e champix... ok, a solução é então ginásio, champix e omeprazol! Fixe...

janeiro 28, 2008

T - 3 days and counting!

Está quasi quasi...

Meu querido mês de Janeiro

Ano novo cheio de atitude positiva e espírito empreendedor... o segredo diz que se deve ser positivo, se a nossa vida é uma merda, não haverá certamente merda mais perfumada!

Pois então de me assaltarem o carro tiro como lado positivo o ter um vidro novo, lindo... de me roubarem o meu saco de ginásio adorado, com os meus ténis adorados e restante equipamento de ginásio e artigos de higiene, tiro a oportunidade de comprar tudo novo (?!... para mim tem mesmo um lado positivo...)... de me roubarem o ipod, tenho que posso comprar um novo, giríssimo e muito mais pequenino e portátil ( meu já agora...)...

A vida tem de facto tanto para nos dar, basta querermos ver... ...