junho 27, 2009

Dreams of Laudanum

Quem me conhece sabe que sou uma crente céptica. Céptica por medo do desconhecido que nalguma medida até conheço. As coisas que não sabemos explicar mas que sabemos bem que sem grande dificuldade lhes arranjamos uma explicação... fantástica, quase folclórica, mas com um encaixe tão espontâneo e fácil que parece coincidência a mais.

Há dias, depois de meses ou anos de jejum, voltei a sonhar. Sonho vívido e real. Desagradável por isso mesmo. Acordei com a sensação de não saber se sonhava ou se teria acontecido, naquele mesmo cenário que olhava já com a certeza de estar acordada... fiquei paralisada, com medo de confirmar que era sonho, com medo de ver alguma coisa que me dissesse que era real, porque assim teria que o explicar e só o conseguiria explicar de forma fantástica e folclórica.

O que não vemos não existe, é a crença do descrente, a visão do céptico. E assumi essa postura e não olhei, fechei os olhos ao que não queria ver. Não o vi, mas continuo sem saber se não existe, se não aconteceu.

Insatisfação

Vazio? Ambição?
Desejar sempre mais o que não se tem...

P. can you hear me?

Possivelmente sou do contra. Aliás, não é uma possibilidade, é uma certeza, sou do contra. Adoro fazer de advogada do diabo, simplesmente porque gosto sempre de ver os dois lados de qualquer questão e defender o óbvio não só não tem piada nenhuma, como seria apenas mais uma das vozes do coro.

Gosto de assinalar o que os outros não atingem, não estão sensibilizados para ou simplesmente não têm a coragem ou frontalidade necessárias para o fazer. Serei possivelmente uma criança megalómana em idade de armário para me sentir tão bem em me demarcar dos outros mas o que é certoé que em muita coisa da minha vida ajo em função desta vontade, necessidade ou crença.
Felizmente gente medíocre e fraca abunda e esta demarcação acaba por me tornar melhor pessoa.

Ando desconsolada com o que vejo nas pessoas à minha volta. Colegas de trabalho nomeadamente. Falta de formaçao (enquanto pessoas, enquanto profissionais até). Boas vontades, bonacheirices e solilóquios não substituem a essencial educação, respeito pelo outro e conhecimento técnico e teórico daquilo que é o seu milieu.

Custa-me deixar cair as pessoas do pedestal em que vezes demais as ponho. Por ingenuidade. Por complexo de peter pan. Por complexos edipianos mal resolvidos. Quem(ou aquilo que) ganha a minha admiração, ganha inevitavelmente uma acérrima defensora e gestora de marketing, não descanso enquanto não convencer todos à minha volta de que aquilo que defendo é de facto o melhor.

Mas essa ingenuidade e amor àquilo que me conquista o respeito, pela admiração, fazem com que vezes demais me precipite. Como uma adolescente que ao 2º dia de namoro espalha que encontrou o amor da sua vida, repetindo a constatação a cada novo namoro com 2 semanas de validade.

Posso não ser a mais estudiosa, a mais uptodate, a melhor técnica... mas sou a melhor pessoa, a mais educada e atenciosa para com doentes e colegas e profissionais com que me cruzo. Cada vez me sinto melhor comigo mesma por isso. Cada vez mais reafirmo para mim mesma que é assim que quero ser, que é este o rumo certo. De cada vez que com um sorriso me agradecem a atenção de dirigir uma palavra explicativa ou de sossego, de cada vez que vejo esse efeito em doentes e familiares, de cada vez que sinto que fiz tudo ao meu alcance para descansar ou pelo menos elucidar quem tinha à minha frente. Sinto-me bem como pessoa. Sinto que sou filha do meu pai. Sinto que o honro como ele sempre me honrou a mim, como todos os dias me honra. Percebo, ao fim deste tempo todo, que sermos o cunho dos nossos pais em nós é positivo, é sinal que nos ensinaram os val0res com que sempre viveram a sua vida e com os quais ganharam o respeito de todos os que os rodearam, inclusive os seus filhos.

E sinto-me estúpida. Terrivelmente estúpida. Por nunca te ter dito tudo isto. Por enterrar palavras e sentimentos dentro de mim como se fossem tesouros preciosos, de forma egoísta. Por não me dar, por não me entregar. Por medo de rejeição, por medo de ser rejeitada por quem nunca me rejeitaria, por quem sempre teve braços e coração aberto.
São os medos que nos atam, que nos calam. Os meus paralisam-me, congelam-me numa forma de estar asséptica e impessoal. Tenho receio que nunca me tenhas conhecido. Que nunca tenhas visto o teu cunho em mim, que nunca tenhas visto em mim a tua ovação.

junho 25, 2009

Say what??

No meio de um quase sono, ouvi uma notícia que me despertou de surpresa... Michael Jackson morreu vítima de paragem cardíaca.
Estou estupefacta...
Fiquei triste com a notícia da morte da Farrah Fawcett, mas estranhamente a morte do freak com tendência à pedofilia abalou-me mais.

Hossana hey sana sana sana ho...

Hoje foi o dia... o dia em que me libertei de um peso incrível de cima dos ombros.
Sou uma mulher mais leve, mais livre, mais feliz por isso mesmo.

Apesar de a minha aliança ter ganho, isso nem importa... o que importa é que o travian acabou!!

junho 23, 2009

Meeting the Tannebaums

Ainda no tema "prazeres da maternidade e relógio biológico a andar em overtime" versus "gosto muito de ser inconsequente", na semana dos feriados também conhecida como a minha semana de férias peguei nos miúdos (e vou incluir nesta designação a minha mãe) e levei-os ao jardim zoológico.


Com algum desprazer denotei que os meus sobrinhos não são crianças muito bem educadas... sempre a gritar, a correr de um lado para o outro, a atirar os balões que a minha mãe lhes comprou logo à entrada (!!) para cima de toda a gente, pedinchões e algo birrentos. No fundo iguais a todas as crianças que me fazem soltar um "se fossem meus filhos não andavam a fazer estas figuras".


Mas gostei muito na mesma, ainda que em retrospectiva tenha passado o dia a ralhar com eles. Mais importante que isso eles adoraram...

Futilidades

Não o devo ter dito aqui vezes suficientes: gosto muito de ir à praia. Gosto de passar os fins (e meios) de tarde na praia. Gosto na verdade de fazer dias inteiros de praia, com direito a petiscos (que para mim significa marisco porque não gosto de caracóis e afins "petiscos")... daqueles dias em que se fala, se dorme, se joga, se brinca no mar, se nada, se apanha sol, se dorme debaixo do chapéu-de-sol, se é acordado porque se está há tempo demais ao sol, se mete conversa com os vizinhos do lado que se encontram dia após dia na mesma praia, se emprestam as raquetes, se empresta a bola de vólei, se fica com uma vontade imensa de jogar raquetes ou vólei assim que se emprestam os brinquedos, se fuma, se lê, se ouve música, se anda à beira-mar e se dorme mais um bocadinho.

Hoje dormi uma sestazinha ao sol e soube-me pela vida.

Acho no entanto que deveria estudar mais, deveria recomeçar a ir ao ginásio, deveria ir mais ao cinema, deveria ir tomar os cafés que tenho atrasados com uma dezena de amigos, deveria dedicar-me (ainda) mais a encontrar casa, deveria voltar a ir passear o Argos a casa dos meus pais, deveria pegar mais vezes nos meus sobrinhos e ir passear com eles.

Mas talvez quando estiverem uns dias menos de praia...

junho 21, 2009

O melhor do mundo

As crianças são o melhor do mundo. É uma coisa que se diz... arrisco dizer que quem o disse primeiro e quem o repete ad infinitum nunca o fez imediatamente a seguir a tomar conta de 14 vândalos (deveria dizer vândalas, porque a maioria eram raparigas) no primeiro dia de um Verão que se adivinha de calor insuportável...

São o melhor do mundo, mas ainda assim acho que prefiro não ter nenhum pedacinho desse paraíso até daqui por uns 5 anos...

No Mr. Sandman for you!

Raramente me recordo dos sonhos, é um revés de dormir pouco. Hoje acordei, seriam umas 9h, de sobressalto com um sonho estranho. Dele pouco me recordo. Sei que estava com alguns amigos próximos não percebi onde. Uma amiga cortava-me uma madeixa de cabelo que caía na mesa como se fossem só pontas, mas quando me via ao espelho eu separava os cabelos quase pela origem... e o cabelo estava ressequido e oxigenado. Além disso alinhava-me os chakras, como quem vai à oficina alinhar a direcção. Os restantes olhavam-me com ar de "que filme" e não propriamente com o ar típico nestas situações de "a seguir sou eu".

E acordei quando supostamente ia perceber o que isto significava. Não consegui perceber a energia do sonho, não me pareceu obviamente positiva nem negativa. Não gostei, provavelmente pela relação de amor e devoção que tenho com o meu cabelo, de o ver cair como se tivesse feito quimioterapia.

Mas isso até sei explicar... é que andar a abrir cabeças implica andar a cortar cabelos. Nem sei bem se sou cabeleireira se interna de neurocirurgia a bem dizer, porque as semelhanças são muitas... (se falarmos do nível de conversa sobre a vida alheia então...)

Deitar cedo e cedo erguer...

... assim de madrugada cedinho cedinho cedinho... aborrece-me. Não acho justo. Uns e outros andam aí a roncar ininterruptamente por 10, 12, 15h (!!!) e eu num domingo, durmo 6h, depois de num sábado ter dormido 6h, depois de uma semana a dormir 6h ou menos, depois de um mês a dormir 6h ou menos t0dos os dias.

Acho que provavelmente nunca mais conseguirei dormir mais de 6h por dia na vida, deve ser assim, pronto. Mas volto a dizer que acho injusto.

Ainda ontem falava de insónias, que sempre preferia as minhas que eram terminais, a ficar a rodar na cama 1-2h todos os dias antes de adormecer. Só de pensar nisso até gelo (que dado o calor que se faz sentir a esta hora até é bom).

Mas por muito que custem a pegar, esses grandes sacanas depois dormem 10h de sono retemperador. Acordam com a cara inchada e tudo. Eu acordo com olheiras e com sono... não sei se já disse que não acho justo...

Outubro é já amanhã

Este calor não é normal... ou muito me engano ou o fim do mundo está aí à porta. Este bafo que não me deixa dormir (eu que tipicamente demoro cerca de 1.7 a 2.5 segundos a adormecer mal deito a cabeça na almofada, por vezes até mesmo antes de subir ao quarto) é certamente indicativo de que vem aí um flare solar (diz o Nick Cage que é a 19 de Outubro, não sei se foram os conections dele na Cientologia que lho adiantaram) que nos vai incinerar a todos.

Pode ser, mas volto a dizer, avisem-me com antecedência... e tenho a dizer que acho mal a escolha da data, porque tenho férias na 2ª quinzena de Outubro. Com as novas regulamentações das férias dos funcionários públicos não dá para transitar os dias para a próxima encarnação... reforço: está mal!...

junho 17, 2009

Part-time living

Tenho um part-time que paga bastante bem. Disseram-mo assim. Não sei porque provoca tanta inveja o facto de conseguir ir à praia frequentemente a seguir ao trabalho...

Por falar em part-time, quero ir ouvir o "part-time love" e outros clássicos do meu querido Eltão, próximo dia 28. Falta arranjar companhia, falta cumprir-se Portugal...

junho 13, 2009

Viva Alfama!

Foram sem dúvida os santos mais divertidos que passei...
Recomendação para todos para o ano que vem: temperado com bastante sangria, agarrar em molas de roupa e passar a noite a prendê-las à roupa alheia... é hilariante e poderão nascer daí bonitas relações de amizade (ou não)!

junho 12, 2009

In the summer in the city

Gosto de praia. Gosto de ter como plano para o dia, ir à praia. Gosto de tudo nesse programa, da viagem, do sol quente, do vento quente na mão fora do carro... adoro fazer a viagem de janela aberta. Chegar à praia, por creme se não tiver tratado disso em casa, sentir aquele cheiro "de praia" num frasco, tomar um banho de mar e deitar-me a aquecer a pele ao sol.

Adoro praia.

E também adoro o caminho de volta, o banho de água doce, regra geral frio, a rotina de por creme no corpo e vestir roupa fresquinha. Se incluir noite quente de verão e uma voltinha por essa Lisboa estou no céu. Tudo se propõe à perfeição neste dia... pena ter que apanhar com centenas de pessoas com a mesma ideia.

junho 08, 2009

Aceitam-se sugestões para Julho

Hipótese 1: Amsterdão. Coffee-shops. Bicicletas. Diques. Klimt.

Hipótese 2: Barcelona. Tapas. Gaudi

Hipótese 3: Madrid. Gran Via. Rebajas. Tapas.

Hipótese 4: Londres. A 7ª ou 8ª vez. Musicais.

Hipótese 5: Paris. A 20ª ou 30ª vez. Museus. Arquitectura.

junho 06, 2009

Wishin' and hopin'

Por um dia, gostava de tirar férias de mim mesma. Overdose, coma alcoólico, o que fosse necessário para me dar silêncio e paz. Ter acordado hoje de manhã e na verdade hoje de manhã já ser domingo de manhã...

junho 05, 2009

Se eu fosse a "rainha dos mundos"...

Fizeram uma vaquinha para salvar a Qimonda. Que bom. Mais dinheiro de contribuintes empregue em salvar por uns meses uma empresa que tem os dias contados. Bem empregue o dinheiro, porque Deus sabe (convenhamos, Deus quer lá saber...) que não há qualquer outra causa que seja importante...

Garantir e salvar a indústria, manter o desemprego pelo menos estável, até que haja estimulação da economia... ou estimular a economia para haver menos desemprego que por sua vez estimula a economia... sei lá, não sei onde começa o ciclo, que parece que deve ter uma solução de continuidade algures, porque não me parece que brote do nada, como que por geração espontânea.

Pouco me diz. O mercado e a indústria deveriam ser livres. Não esta amostra de "liberdade" do nosso mercado e indústria, que na verdade são um eufemismo (eufemismo é chamar a esta mentira eufemismo) para especulação, mas livre e competitivo. Isto, isto não é nada... é um paternalismo quiescente, reminiscência do período que todos criticam, mas para o colo do qual todo o português quer saltar, mesmo que a cadeira caia, mesmo que não seja de embalar.

Manipulação

É pérfido abusar do amor que alguém tem por nós, da vontade de agradar para nos levarem a fazer o que pretendem. É feio. É desprezível na verdade.
Sou manipulável, facilmente manipulável porque vivo a minha vida em função dos outros... vivo a vida para agradar a outrem. Tristemente, não sei viver para e por mim. Daí que me apaixone por qualquer pequena atitude a mim dirigida... é triste ser-se carente assim.

A pior manipulação é aquela que nos faz crer piores do que somos, que nos faz duvidar do nosso valor. Irrita-me essa manipulação. Irrita-me a estupidez que sou capaz de atingir por ser ingénua e crédula o suficiente para pensar que há pessoas que merecem a nossa confiança cega. Não ponho as mãos no fogo por mais ninguém. Preciso delas para trabalhar e já deveria ter percebido antes que vou sempre queimar-me...

junho 02, 2009

Acordo fonográfico

Comecei por engraçar. A musicalidade da língua, parecia favorecer as palavras. Mas depois comecei a sentir-me algo ultrajada, imbuída de um espírito patriota que não tem nada a ver comigo... A Florbela Espanca, a nossa Florbela, parte integrante e de relevo da nossa cultura. Ela merece o tom bucólico do nosso português. Ela faz sentido apenas nesse tom.
Cantarolei, fiel às minhas origens, em bom português, feliz por seguir perdidamente sem qualquer evidência de sotaque, feliz por saudar assim a nossa cultura.

Irrelevante, sim... mas nesta viagem, pareceu-me de máxima importância essa homenagem, por qualquer motivo desconhecido.

Então, os Bossa Nossa, depois de nos embalarem, também eles numa homenagem, seguindo um português purista nas acentuações, fiéis a tudo aquilo que torna o português diferente do brasileiro, introduzem um "te" fora do sítio... mantendo no entanto o hifenizado que o torna português. "te amar-te"?! estranhei eu... e nova quadra, com o mesmo "te amar-te" lá... estranho.

E eis que na última repetição do refrão, vem o brasileirismo, contente de nos arrancar mais um pedaço, de nos retirar a identidade em função da sua, orgulhosamente num "E é te amar assim perdidamentxi"...