agosto 28, 2006

Numa noite de bairro alto, como tantas outras...

... encalhei com um amigo meu na temática "o vazio de algumas vidas"... encalhei verdadeiramente, ao ponto de me começar a questionar se estava a ser chata, se estaria a ofender alguém e, de um modo geral, se estaria a ser inoportuna (coisa que vezes demais sou, por rasgos de lentidão intelectual).

Tudo começou no dia anterior, quando comentava com o Fa os cursos de tia que gostaria de fazer... pintura de azulejos, pintura em tela, tapetes de arraiolos... e o supra-sumo dos cursos (que acredito que de facto não exista, mas deveria haver) que cheguei à conclusão que adoraria ter: curso de alta-costura...

Compreende-se porque é que não há, não é propriamente uma coisa que se aprenda em 8 aulas de 3h, por um preço de €80... mas enfim, achei que seria interessante... e mais interessante ainda, foi o retrocesso no tempo, e chegar à conclusão que gostava de fazer os meus próprios vestidos (muito Jackie O.), enquanto dona de casa da década de 50, casada e a tratar da prole... e nem sequer para ser uma Coco Chanel... apenas para ter vestidos giríssimos e poder dizer que tinha sido eu a fazê-los!...

Nessa noite de bairro, enquanto falava disso, reparei a futilidade que seria a minha vida, e o quão infeliz seria se tivesse apenas essa meta, a de constituir família. E verborreiámos sobre o assunto, e como a família não é uma meta mas um pit-stop para mim, e para a maioria das pessoas hoje em dia... mas que existem também inúmeras pessoas para quem a felicidade reside (e pára) no momento em que a família está constituída... a vida como dona de casa, sem metas e ambições profissionais...

Lembram-me as pessoas que ficam uma vida inteira num trabalho sem futuro, só porque não vêem mais longe do que o seu nicho... e depois, fruto da sua frustração e infelicidade subsequente, tratam mal toda a gente que apanham à frente...

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