Nas relações interpessoais transporta-se sempre uma pesada carga do passado: a "bagagem". Todos nós a temos, por muito ou pouco que tenhamos vivido ou passado. Freud resumia toda esta bagagem numa palavra: "mãe"; mas a influência materna sobre cada um de nós não chega para explicar a complexidade do ser humano, nem a muito maior complexidade das relações que mantém. Não será também, nessa perspectiva, de menosprezar a influência paterna, ou fraterna, e numa perspectiva menos familiar (e não nos cingindo às influencias da 1ª infância, tão notoriamente responsável pela formação da nossa personalidade), à influência dos amigos e suas vivências, e àquela dos nossos passados relacionamentos.
Cada pessoa que passa por nós deixa a sua marca, quer por nos apercebermos através dela como se deve ou não proceder em determinadas situações (modelamos assim o nosso comportamento social, por tentativa e erro), quer por nos deixar os referidos fantasmas ou "bagagem", que sempre estarão connosco (recalcados ou não) a inibir as nossas acções, a forçar comparações.
E o sexo, enquanto consequência necessária do comportamento social entre um casal, rege-se pelas mesmas premissas. Numa relação sexual, estão presentes fisicamente as 2 pessoas, e só elas (não necessariamente, mas os fetiches de cada um são apenas consigo mesmos!), mas a nível psicológico (será assustador dizê-lo, mas não por isso menos verdade) até as nossas mães ali se encontram!...
Mais importantes a nível de futuro do relacionamento serão sem duvida as influências dos passados relacionamentos. Diz o povo "gato escaldado de água fria tem medo" e mais verdade não poderia ser… quem se magoou num relacionamento anterior (impossível será encontrar alguém que nunca por isso tenha passado), manifestará no(s) próximo(s) esse medo, essa exclusão da relação, essa relutância em se entregar. E nesse aspecto, em vez de estarem ali 2 pessoas, estarão 3, ou a bem da verdade 2,5 (porque uma delas, aquela que transporta o fantasma da relação anterior, não se mostra inteira na relação).
E a história seria bem simples se assim se passasse. Mas a verdade é que em cada relacionamento trazemos connosco todos os anteriores, mais demarcados ou mais ausentes (quase inconscientes), mas estarão lá. Isto significa que cada um de nós, por mais conservador que seja, nunca fará sexo apenas a dois…
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