Recordar tem destas coisas, as lembranças vêm umas com as outras e não há como lhes cortar o encadeamento...
Lembrei-me de um incidente, já na fase em que tinha discussões graves com a minha mãe com uma periodicidade ainda mais grave, em que a minha mãe não tinha (como aliás era muito habitual) razão alguma... tinha-me faltado ao respeito e exigia-me o meu respeito por ela simplesmente por ter o estatuto de mãe. O meu pai pedia-me inúmeras vezes que lhe fosse pedir desculpas... eu com a garganta com um nó de lágrimas insistia que eu tinha razão, que não tinha que pedir desculpas, ela é que teria de mas pedir a mim... e juntavam-se os meus irmãos a dizer que não custava nada e poupava-se um drama familiar.
Por 3 vezes tive que engolir o nó de lágrimas de raiva e o orgulho, e em prol da paz familiar (que nunca esteve muito presente) pedir desculpas quando sabia que me eram devidas a mim... invariavelmente, a diva que é a minha mãe (tipicamente histriónica, rai's a partam! *risos*), fazia-se rogada, como que a considerar perdoar-me ou não.
A última vez que engoli o nó e o orgulho, ela fez-se rogada, e eu recusei-me a continuar a engolir... disse que retirava o pedido de desculpas, que não acreditava nele e que apenas o tinha feito a pedido do meu pai... não caíu nem o carmo nem a trindade... ficou tudo na mesma: nas ameaças vãs que sempre fazia. Aprendi a não engolir nada que não tivesse mastigado.
A R. diz muitas vezes que sou adultazinha por ser filha de pais velhos... e com estes draminhas recordo-me que a idade real dos meus pais não teve muito a ver com o assunto.
março 08, 2005
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