fevereiro 24, 2006

Final de actos cirúrgicos

Acabei hoje um estágio de 2 meses de Cirurgia... nem com frequência extracurricular de Urgências consegui terminar o curso tendo suturado! Parece sadismo ou coisa do género, possivelmente, mas não só é giro, como sempre gostei de corte e costura (figurativo e literal *risos*), como ainda maior é o temor de um dia estar sozinha num banco e ter que suturar pela primeira vez sozinha...

Mas de observação e teoria tenho muito, de prática em gazes também tenho bastante, e de fé e jeito manual tenho q.b. ... não é a receita ideal, mas esqueira que o resultado seja apetitoso (ou pelo menos não-Frankensteiniano)!

Também não ajudei em nenhuma cirurgia, mas nisso confesso que também influiu o facto de me querer despachar das aulas para fazer alguma coisa da minha vida...

Entretanto, a parte mais interessante do estágio, prendeu-se com as pessoas que por lá andaram... começando pelos colegas de trabalho, médicos assistentes, internos, e futuros-tudo-isto, passando pelos doentes (uns que marcaram mais, outros menos) e terminando em todo o pessoal que trabalha no serviço.

Tirando o meu habitual encalho com graxistas e afins, até me consegui dar bem com todos os colegas de trabalho. Ouvi dizer por portas travessas que um médico (Dr. V.D.) que seria originalmente mas acabou por não ser o meu assistente fez um comentário retrógrado acerca do meu piercing, tive como colega de estágio umas das pessoas mais irritantes que tive o desprazer de ter que conviver com (com direito a toques sistemáticos e absolutamente desnecessários nos braços e ombros, uma voz irritantemente alta para alguém tão pequeno, um mau génio que - imagine-se! - transcende largamente o meu, e uma desadequação da realidade e de justiça tal, que fazia exigências absolutamente ridículas em nome da paridade de oportunidades, quando não havia paridade de empenho...), uma outra colega que irritantemente também (sim, sou facilmente irritável) se fazia a todos os homens mais jeitosos do serviço (tendo namorado, e fazendo-o indiscriminadamente a esse punhado de jovens guapos, e à frente de todos), um colectivo de um serviço em que todos os homens (com excepção do meu tutor e do Dr. V.D., que ao final das contas é uma pessoa excepcional e super interessante, que acabei por adorar...) se fazem a qualquer rabo de saias... seja ele firme e hirto, seja ele flácido e celulítico...

Um estágio cheio de experiências (umas novas, outras nem por isso, porque há coisas que nunca mudam, e eu já fiz o estágio de Cirurgia de 4º ano naquele mesmo serviço), muito poucas delas cirúrgicas, mas muitas delas memoráveis, que terminou hoje num momento alegre de convívio, segundo a tradição do serviço, em que quem se vai embora leva um bolo... nós exagerámos e levámos bolos e vários comes e bebes... a minha mãe entusiasmou-se e exagerou também, e fez um Moussaka (prato típico grego, com beringelas, carne picada e molho béchamel, gratinado no forno) para mostrar ao serviço as boas coisas da gastronomia helénica, tudo porque contei à minha mãe que o Dr. V.D. me tinha dito para "pensar com vontade de querer" em trazer qualquer coisa tipicamente grega...

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