outubro 06, 2005

Reavaliação

Estou cansada... mais que cansada estou farta...

Cheguei a uma fase da minha curta vida em que não tenho paciência para merdas (será que alguma vez a tive?!)... há ervilhinhas que não me cabem nem nunca caberão *ler devagar if iu plize que este é um blog sério!* em determinados orifícios corporais. Irritam-me manipulações como sempre irritaram quaisquer formas de privação da vontade e liberdade individual... seja quem for que se atravesse entre mim e mim mesma, que se queira impôr ao que a minha própria cabeça e coração me ditam como certo, como se alguma autoridade sobre mim fossem, garante um conflito... se calhar é uma idade do armário prolongada para além do razoável, se calhar é simplesmente gosto em ser senhora de mim, gosto em ter o que dizer quanto à minha vida e ao que quero fazer com ela...

Concomitante ou mesmo consequentemente a esta fase e/ou estado de espírito, reavalio as minhas relações com as pessoas à minha volta... chego à triste conclusão que vezes de mais me dedico (de corpo e alma, como em tudo o que faço) e invisto em pessoas que não merecem uma unha encravada... tenham sido (ou sejam ainda) amigos, namorados, whatever... de um modo ou de outro, numa assustadora maioria das relações importantes e acarinhadas que mantive, foi com pessoas que não mereciam nem metade do meu empenho e dedicação...

Por ser altruísta e dedicada como qualquer boa virginiana, acabo por atraír as pessoas mais egoístas, egocêntricas e self-absorbed... que na verdade comigo estão no céu: nada melhor para uma pessoa egocêntrica que alguém que só está bem se todos à sua volta estiverem bem...

E assim, hoje, chego à conclusão que alguns amigos que considerei grandes amigos, algumas paixões antigas ou menos antigas, gente com importância que tinha à minha volta só estavam à minha volta enquanto eu desse de mim sem esperar nada em troca... quando parei de dar o exagero que dou por hábito, deixei-os mal habituados e agiram como se o razoável que tenho a dar não chegasse... e vieram as cobranças, mas ainda por cima cobranças sem fundamento. Cobranças de tempo dedicado somente a eles próprios quando não tenho tempo nem para mim, nem sequer para dormir... cobranças absurdas sem sequer serem sustentadas por uma procura do outro lado... sem que demonstrassem vontade e disponibilidade (através de uma simples mensagem ou telefonema) de estar comigo... ou eu atrás das pessoas ou nada...

Parece que só está tudo bem se eu viver a minha vida em função deles... e como tal nem posso ter muita gente à minha volta, porque não consigo viver em função de muita gente ao mesmo tempo... não há de facto tempo...

E aqui traço o meu limite, aqui digo (grito) basta... é muito importante para mim o bem estar dos que me são queridos, mas é também importante a minha sanidade mental... e este jogo de corda dá comigo em doida. Pessoas adultas conseguem partilhar tempo, espaço, amizades, pessoas e ocupações (profissionais, académicas, hobbies) sem entrar numa espiral de cobranças... toda a cobrança numa amizade é absurda, e assusta-me que isso não seja claro para tantas pessoas...

Hoje escrevo sobre mim, e vou pensando em ti... porque acabei de me aperceber que, em mais uma coisa, a nossa história e vivência é a mesma...

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