julho 11, 2009

Acho que estou com a gripe

(manhã de dia 10)

Mámãe - ah estou com pingo no nariz e tosse, foi de apanhar ar condicionado, mas não tenho febre não deve ser de cuidado....
Eu - (táctica do psiquiatra, que funciona bem com a minha mãe) hum-hum...

(depois de parte da tarde passada com mámãe, no meu dia de correria, recebo uma mensagem de voz ao fim da tarde)

Mámãe - ah filha, é para te dizer que estou com febre, por isso se calhar estou com a gripe... tem cuidado contigo...

(no jantar, às 9 e picos, chamada que não ouvi do meu irmão do meio e mensagem escrita... rezava assim)

André - A mamã parece que está com gripe. Liga-lhe. Eu estou no optimus alive.

(em grande estilo e altamente típico. Valida-lhe a histeria, mas outro que apanhe com ela... outro tipicamente eu. Eu tenho a sina de ter que ser eu a fazer frente aos dramas da minha mãe. Ela só quer o seu close-up, e a mim enervam-me os dramas... enerva-me que a mulher dos arranjos das calças me tenha dito a mim, filha, que a minha mãe passou recentemente uma fase difícil... esse recentemente deve-se referir à morte do meu pai. Passou um ano e 4 meses. Não é assim tão recentemente já, e é o marido da minha mãe mas é o meu pai. A minha mãe faz o luto dos pais há uns bons 50 anos. Acho que a minha mãe não sabe fazer lutos. Acho que não é saudável. Mas ela fá-lo porque ela tem que ter algo para carpir, se não for a morte do pai é a morte da mãe, se de nenhum dos dois a do meu, ou o filho isto ou aquilo, a cunhada, o homem na rua que lhe fez e disse não sei o quê)

(mas perdi-me. Até mudo de parêntesis, só para voltar ao início. Eu tenho sempre, não sei se por ser mulher, se por ser a mais nova, se - muitas vezes - por ser médica... é-me sempre esperado/exigido que apanhe com a minha mãe. Não tenho perfil para estes dramas. Não concordo com compactuar com eles, sou a única que lhes faz frente... mas todos lhos legitimam e depois eu que vá tratar da psicose de mámãe, que além do mais foi validada por todos os outros filhos)

Mámãe, ar sofrido, suspiros, gemidos, the works - ah filha... não era nada... adeus!

Eu tenho vontade de me rir, para não chorar claro. Na verdade a vontade que tenho é de lhe dar dois pares de estalos e fazê-la acordar para a vida, perceber que isto que chamamos vida, não é um palco onde ela é a personagem principal. Não há câmaras, não precisa de se atirar para o chão fingindo-se combalida.

Odeio histerias, odeio dramas, odeio filmes. Estes filmes em que se nota que a pessoa é artificial e dramática e postiça e com necessidade de afirmação e de ter um foco em cima dela e não suporta que alguém lho roube... odeio.

1 comentário:

Only Words disse...

Uiiii. isso está agreste!Na minha família também se passa o mesmo, existe sempre um "coitadinho" e o "salva-vidas". Escusado será dizer que eu sou a "Pamela Anderson" de serviço, mas sem airbags ;)

Calmita! :)