Sobretudo porque ontem vi o Love Actually, e porque nas vezes em que estive no aeroporto a receber alguém tendo que esperar invariavelmente para cima de 1h, acabava por dar comigo a fazer a observação semelhante à que faz o filme... e é de facto bonito, comovente até... ali sente-se amor, seja a receber seja a despedir sente-se amor... um mais feliz, o outro mais triste e já saudoso, mas amor na mesma... sai-se de um aeroporto (tirando a camada de nervos que se leva em cima por ficar 1h ou mais à espera de alguém que vai na volta nem nos diz nada e somos pouco mais que um chauffeur contractado por tuta e meia - ou seja, por nada senão uma relação qualquer de afinidade) com o coração cheio... daqueles abraços do Universo, uma vez mais...
E isso lembra-me das outras ocasiões em que as bestas que circulam ao meu lado todos os dias, perfeitos estranhos que assim quero que permaneçam, se tornam humanos também... uma sirene... e entra-se em frenesim... as buzinas são mais agradáveis porque servem apenas para alertar os mais distraidos da fabulosa missão conjunta que está a ser levada a cabo desde o início da fila de trânsito... pessoas galgam passeios, metem-se por relvados, estragam tampões de jantes contra passeios impossíveis de subir, alguns (o meu pai, há uns anos) espetam-se até contra um pirilampo de livre e espontânea vontade, para deixar uma ambulância que previsivelmente ia na direcção do hospital mais próximo (30m ou assim) e não na nossa... mas é esta boa vontade cega que é bonita... sentimos que podemos fazer o nosso papel com tão pouco como fazer aquilo que fazemos 365 dias do ano a tentar arranjar lugar de estacionamento em Lisboa: usar a imaginação e dar cabo de embraiagens e suspensões...
E acordo deste sonho de "let's get together and change the world" quando o filho da P*** de um taxista (ou eventualmente um seat do chuning...) aproveita a avenida que a ambulância deixou para trás e segue colado a ela para fugir ao trânsito... ...
dezembro 05, 2005
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