novembro 20, 2005

A Pétala

No mesmo estágio, e há cerca de 1 semana, vi uma cesariana de 2 gémeas. Duas coelhinhas esfoladas, pequeninas, lindas... a primeira das quais, criou um desassossego no bloco operatório. Nasceu sem respiração, sem batimentos cardíacos e necessariamente sem circulação periférica, tendo a coloração azulada que assusta qualquer pessoa que veja um parto pela primeira vez, mas que na verdade é típica dos primeiros segundos após o parto...

Não sei como foi soado o alarme, mas vi que assim que a bebé foi retirada do útero materno, 3 pessoas se puseram de roda dela a reanimá-la... durante 5 a 10 minutos, ela foi massajada, piparoteada, aspirada, beliscada... tudo na tentativa de a reanimar. 4 tentativas por 3 médicos diferentes de a entubar que não surtiram efeito... um pediatra/neonatalogista que tremia como vara verde (que penso que terá sido o que mais me impressionou... que eu ficasse apreensiva era compreensível, que ele ficasse era um sinal de péssimo prognóstico para mim...)... a 5ª tentativa, pela anestesista com mais anos de casa, finalmente eficaz... adrenalina... ventilação e massagens cardíacas... e o esperado esgar da criança recém-nascida que tem um tubo na traqueia, uma cor rosada a apoderar-se da pele, e assim que é desentubada o choro... e o alívio de todos quantos ali estavam... chorou ela e chorei eu, disfarçadamente porque é um comportamente tipicamente maçarico... mas fiquei feliz como se fosse a minha filha que recuperasse ali a vida.

E agora o comic-relief... será possivelmente da Primavera, mas as gémeas chamavam-se respectivamente Pétala e Pérola... na sala ao lado nascia por cesariana também (e sem qualquer complicação) uma Maria Flor...

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