novembro 20, 2005

Infertilidade

Já queria ter vindo fazer este post há algum tempo, mas por falta do mesmo, retive apenas a ideia para mais tarde (agora) a postar...

Estive a fazer um estágio que contou com a passagem por um serviço de infertilidade... desde pequena que tenho o fenomenal "encalho" (porque não merece outro nome) de, chegada a altura, ter algum problema de fertilidade. Porque apesar de ser muito career-oriented sou o tipo de mulher cuja felicidade passa mesmo pela maternidade (em tempos pensei que pela pentamaternidade ou mesmo hexamaternidade, mas depois deparei-me com a realidade e arredondei o número para a bimaternidade...). Lembro-me, da primeira vez que fui o ginecologista, da minha alegria em saber que pelo menos estruturalmente tudo indiciava que fosse fisiologicamente normal a este nível.

Na passagem por este serviço, deparei-me com várias situações... com o sofrimento de um casal que após a 1ª tentativa de fertilização in vitro (FIV) não ficou grávido mesmo quando sabiam a priori que a probabilidade de isso acontecer era apenas de 25% (como é numa fertilização que acontece de uma relação sexual... acontece que a espécie humana subsistiu à conta de muita sorte, porque em termos procriativos não somos de todo os mais aptos). O desânimo era evidente e esperado, exacerbado pela noção de que pelo regime de serviço de saúde público apenas poderiam tentar mais uma fez a FIV (é o modo de fazer com que as listas de espera sejam apenas de 2 anos) e que através do regime privado os custos são avultados.

Deparei-me com a comoção de um casal que fazia a sua primeira FIV, do amor demonstrado entre os dois, da reacção da (espero e torço com toda a força que) futura mãe, a chorar de alegria... confiantes de que tinha resultado...

Deparei-me com o nervosismo de um outro casal que iniciava os tratamentos hormonais para mais tarde proceder a FIV ou inseminação artificial, consoante as características que condicionavam a infertilidade do casal...

Deparei-me com a sensibilidade e carinho de todo o pessoal que trabalha com estes casais, de médicos a auxiliares... e encantei-me novamente (e renovadamente e constantemente) com a medicina, com a ciência ao favor do Homem, com o modo como se podem equiparar situações tão diferentes com a interposição de um trabalho de laboratório.

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