Quando não sei como me expressar, recorro a músicas: letras de músicas para ser mais precisa. Este verso de uma música do Blue eyes traduz um nadinha a sensação que me percorre neste momento.
Neste Natal, tive de tudo... tive os momentos de alegria e partilha (com estranhos no entanto... ou até com amigos, mas não com familiares), tive os ódios e sustos descritos no post anterior (que pensei apagar, porque sinceramente não me orgulho de sentir o que sinto... mas se é diário, é diário, mesmo que seja lido por outras pessoas. se me julgarem, façam-no: aproveito o embalo pessimista ou "scroogiano" que tenho nesta altura para me marimbar para o que as pessoas pensam).
E agora? O que se segue?... Acabou a reunião familiar "à força", com cunhada mal educada e desagradável, com irmão armado em estúpido para toda a gente, com a minha mãe a dizer mal dos 2 e a fazer-se de vítima, com as habituais desilusões em todos os planos, e com a já demasiado familiar sensação de que estou completamente deslocada aqui... sinto-me (sempre senti) implantada nesta família. Por um motivo ou por outro sei que não tenho nada a ver com eles, que não me movo pelos mesmos fins ou propósitos sequer... não dou valor às ninharias que eles dão (mas dou a outras, bem sei... quanto mais não seja porque muitas vezes é nos pormenores que estão as verdades que não conseguimos esconder, nem no Natal!), não tiro o prazer de cortar na casaca alheia que eles tiram.
Ontem deitei-me cedo, triste e cansada... e com um imenso nó na garganta, de insatisfação e desilusão. Hoje deito-me igualmente triste e cansada, com o mesmo nó... desta feita provocado pela certeza de que no dia em que os meus pais morrerem, deixarei de me dar com certos membros da minha família.
Gostei no entanto de estar com os meus sobrinhos (mais uma vez estive mais com o Becas que com o Diogo... o Diogo vai ser uma criança irritante - tanto quanto os pais - na qual não se pode tocar, respirar a menos de 1m, ou sequer falar se não for na gama de decibéis permitida pelos paizinhos)... acredito que para o ano goste ainda mais, porque o Bequinhas vai vibrar com o abrir de embrulhos, em vez de ficar simplesmente feliz em pôr as coisas todas a tocar e atirá-las ao chão.
Salvaram-me o Natal... sei que se calhar vou esquecer (com o tempo) os maus (péssimos) momentos que este Natal me trouxe, e vou apenas ficar com as lembranças da minha baratinha com o seu gorro vermelhinho... ou a gatinhar com os seus calçõezinhos e meiazinhas de losangos como um menino de colégio.
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